Resenhas

The Mary Onettes – Portico

Grupo lança um bonito fragmento dentro da própria obra, mas que não se destaca na vertente Dream Pop

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Ano: 2014
Selo: Labrador
# Faixas: 7
Estilos: Synthpop, Dream Pop
Duração: 27:12
Nota: 2.5
Produção: Dan Lissvik

O timbre granulado do sintetizador que abre Portico, o novo trabalho dos suecos que formam The Mary Onettes, delimita bem as intenções do mini-universo construído por este pequeno álbum.

Portico elenca uma série de fatores para mostrar a que veio: suas sete faixas mostram que concentra mais do que a experiência de um EP, mas que contenta-se com essa espécie de amostra resumida de um trabalho que escolhe conscientemente não se alongar demais. Seu nome, Portico, evoca uma proteção arquitetônica de dimensões menores que a de um portal, mas que pode, por sua vez, referir-se à entrada de um templo (ou à de um monumento tão solene quanto). Já sua capa demonstra um quadrado de refrações de luzes em cores frias que se encerra dentro de dois outros quadrados. Ou seja, tudo remete, à sua maneira, a um universo próprio, de dimensões reduzidas e destacado da realidade.

Assim, Portico constrói-se como uma ilha dentro da carreira de The Mary Onettes – que já conta com três albuns completos e uma série de EPs, além deste próprio, intermediário -, uma amostra onírica e de uma atmosfera mais espaçada do que vinham demonstrando até então. Não que se diferencie muito do trabalho do grupo em geral, mas o Synthpop que era facilmente comparável à Echo & the Bunnymen no começo de sua carreira, vai progressivamente se ralentando ao Dream Pop e agora remete muito mais ao universo de Wild Nothing ou Beach House, embora, talvez, de ares um pouco mais frios.

Quanto às faixas, Naive Dream e Portico: 2014 são dois extremos do trabalho, ambos com seus pontos altos. Enquanto a primeira funciona como o single mais envolvente, disposta a conquistar o coração Pop sensível dos ouvintes desatentos com seus refrões pegajosos, a segunda é mais hermética, completamente melancólica e atmosférica, que faz um jogo metalinguístico, quase como uma piada interna, ao citar o nome do próprio álbum no título da faixa (o último artíficio fractal que envolve pequenos pedaços da obra dentro da própria obra, como eu disse ali em cima).

Muito bonito e acompanhando a favorável cena de Dream Pop atual, o grande ponto fraco de Portico é recair nas fórmulas prontas do estilo e soar às vezes, infelizmente, com uma semelhança muito próxima aos trabalhos já citados. De qualquer modo, Portico é um fragmento onírico dentro da carreira de The Mary Onettes e não vai decepcionar quem acompanha o trabalho da banda.

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BOM PARA QUEM OUVE: Wild Nothing, Craft Spells, Beach House
MARCADORES: Dream Pop, Synthpop

Autor:

é músico e escreve sobre arte