Resenhas

The Men – Tomorrow’s Hits

Novo disco dos nova iorquinos continua bebendo do Rock & Roll, mas agora se inspira bastante no Blues e suas raízes

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Ano: 2014
Selo: Sacred Bones Records
# Faixas: 8
Estilos: Blues Rock, Rock & Roll, Punk Rock
Duração: 36:39
Nota: 3.5
Produção: The Men

A gaita ao final de Dark Waltz, faixa de abertura do quinto disco de The Men, não mente que os rumos tomados pelo grupo realmente se estabilizaram no Rock & Roll. Após New Moon, no entanto, não poderíamos ficar mais felizes com esta decisão. Influências que partem de Neil Young e seu Crazy Horse a The Rolling Stones e Bob Dylan em sua fase elétrica, uma capa que traz letreiros em neon – famosos por estampar casas de espetáculo dos anos 1970 – e um irônico título, Tomorrow’s Hits, para uma obra que olha pra trás sempre, dão o tom do som escutado aqui.
Em oito faixas muito bem pontuadas, escutamos a síntese do que o grupo criou até hoje sob a forma de um Rock com Blues de raiz. Como Different Days, que inicia com uma bateria típica do Punk Rock do seu início de carreira, mas que agora soa bem mais próximo de uma faixa enérgica do Exile on Main Street dos Stones do que um Raw Power dos Stooges. Aliás, o famoso disco com influências de música norte-americana do grupo de Keith Richards, Mick Jagger e companhia parece ter sido bastante utilizado na composição de Tomorrow’s Hits.

Como Another Night, que bebe da mesma fonte, tem no saxofone altíssimo a cereja no bolo de uma composição vintage por natureza. No entanto, assim como a revisão de sons antigos sempre estará em pauta na música atual, o clima, a sensação do analógico são características dificilmente vistas em bandas modernas. Talvez tenhamos visto um pouco disso no ótimo trabalho de Okkervil River, que também se mostrou influenciado pelo Blues Rock. Sleepless é outra música que nos traz perto do campo em uma trilha-sonora de road movie dos irmãos Cohen e, sem pressa, serve de pausa pela intensidade sonora vista até então.

Se não percebemos muita inovação no som deste disco – é difícil passar algo novo com uma música que se concentra no espírito de seus músicos- vemos muita vibração, muita improvisação. Como a jam session que toma conta da elétrica Pearly Gates, faixa que traz Mark Perro nos vocais como se fosse uma reencarnação demoníaca de Bob Dylan. A rapidez, troca de solos entre saxofone, guitarra e piano fazem com que uma apresentação desta nova fase da banda se mostre imperdível. Imagine uma banda de Punk Rock que de repente virou roqueira de raiz?

Settle Me Down é romântica, calma, uma balada que parece ter sido congelada no tempo e que pertence a um disco de vinil setentista. Menos imediata, traz em sua guitarra “blueseira” um gosto saboroso e aprazível logo de cara.Get What You Give foi reconhecida pelos membros da banda como sua versão para More Than a Felling da banda Boston. Com chance para se tornar hino, mostra-se bastante divertida enquanto o final Going Down é o perfeito acompanhamento para um sessão de skate dada a energia imposta na faixa. Frenética, pode ser utilizada como combustível para slides e remadas frenéticas.

Como banda de Rock, The Men parece ter encontrado o seu lugar ao sol ao beber de fontes já utilizadas diversas vezes, mas que encontram na vibração de músicos formados no Punk Rock, o seu diferencial. Enérgico quando precisa e melódico na medida certa, Tomorrow’s Hits é divertido do começo ao fim e é um disco que agrada imediatamente. Dificilmente você não ficará contagiado pelo som proposto aqui e que curiosamente, parece ter sido de deixado lado com o tempo. Atualmente poucas bandas revisitam este estilo de música, Blues e Rock & Roll, e é nesse espaço restrito que os nova iorquinos ganham notoriedade. Dejà vu? Troque por energia e vibração, algo que muitas vezes falta na música atual e você não irá se arrepender.

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Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.