Resenhas

The Pains Of Being Pure At Heart – The Echo Of Pleasure

Novo disco do conjunto traz menos excessos e mais segurança em Indie Pop de qualidade

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Ano: 2017
Selo: Painbow Music
# Faixas: 9
Estilos: Dream Pop, Indie Pop, Shoegaze
Duração: 40:00
Nota: 3.5
Produção: Andy Savours

O eco é um efeito sonoro difícil de se ministrar. São poucos os artistas que conseguiram usá-lo efetivamente a seu favor, sempre correndo um risco de errar a mão e pecar pelo excesso, como boa parte das bandas de Shoegaze dos anos 1990.

Oscilando nesta zona limítrofe, está o conjunto norteamericano The Pains Of Being Pure At Heart, que, em seus últimos lançamentos, consolidou uma mistura de Indie Pop com Shoegaze que ia além dos estereótipos do Dream Pop, considerado por muitos a junção exata daqueles dois gêneros. Em alguns casos, tínhamos excelentes dosagens de ambas as partes, mas discos como Higher Than The Stars mostravam que ainda havia algumas arestas a serem lapidadas, principalmente quando o assunto era o excesso do eco. Três anos após seu último disco, Days Of Abandon, o grupo volta a dar as caras com um disco que traz um título que simboliza sua maturidade alcançada.

The Echo Of Pleasure traz tudo que fez com que a banda ganhasse renome. Aquele Indie Pop chiclete está de volta com força, apelando em refrões extremamente pegajosos e fácil de dançar. O apego ao Shoegaze também confirma presença entre as nove faixas, ilustrando e decorando cada composição com um toque um tanto melancólico, algo entre Joy Division e The Smiths. Contudo, parece que o conjunto começou a delinear melhor os limites e trabalhar mais comportadamente dentro destas linhas, evitando aqueles episódios de megalomania reverberada que alguns registros passados insistiam em mostrar. Não que isso signifique que o disco atual é melhor ou pior que os outros, mas certamente o grupo começa a entender melhor suas opções e que mais não é necessariamente relativo à quantidade. Com reverbs tímidos, mas ainda presentes, e canções com arranjos simples, porém bem trabalhados, estamos diante de um dos trabalhos mais pensados e bem produzidos da banda.

É possível perceber também que, mesmo com estas ditas limitações que TPOBPAH impôs sobre si mesmo, ainda há bastante variedade. A composição My Only, por exemplo, abre o disco com um grande espaço, mesmo que as baterias não tenham tanto reverb assim. Já The Garret, insiste mais no referido efeito, mas isso é feito de uma maneira bastante controlada, apenas pincelando a melodia. When I Dance With You traz os anos 80 em peso, investindo em timbres eletrônicos típicos e um refrão Indie bastante pegajoso. So True abre com sequenciadores apontando em uma direção, mas logo nos joga para um Synthpop frio que faria Madonna chorar. Por fim, Stay encerra o disco no momento mais reverberado do trabalho, como se a banda se permitisse uma única exceção no meio de seu “bom comportamento” durante todo o registro.

The Echoes Of Pleasure mostra um desenvolvimento bem aparente, evidenciando tanto o talento do grupo em perceber e ressignificar sua sonoridade, quanto em construir músicas que ainda carregam com força os suspiros remanescentes do Indie. Um disco que entende que o prazer não é necessariamente relacionado ao excesso e que estuda justamente os “ecos do prazer”.

*(The Echo Of Pleasure em uma faixa: So True)**

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique