Resenhas

The Paper Kites – Twelvefour

Novo disco da banda funciona como elogio ao Folk, mostrando suas mais diferentes formas

Loading

Ano: 2015
Selo: Nettwerk
# Faixas: 10
Estilos: Folk, Synthwave, Singer-songwriter
Duração: 43:43
Nota: 3.5
Produção: Phil Ek

O Folk é o um dos gêneros mais camaleônicos que existe. Falar dele e pensar no esteriótipo Singer-songwriter está se tornando cada vez mais um equívoco e encontramos mais dificuldades em nomear suas características. Hoje, ele pega emprestado mais e mais elementos de outros estilos musicais e as misturas formadas são bastante interessantes. É principalmente neste caminho natural que The Paper Kites praticamente pautou sua história, partindo da parte mais crua do gênero em seus primeiros EPs (principalmente em Woodland) e chegando em constantes referências ao Post-Rock em seu último trabalho, States, sempre com qualidade constante e um cuidado muito precavido com a sensiblidade de suas tocantes canções. Seguindo esse caminho, supomos que o próximo disco se valeria de uma inovação maior, quase esquecendo o Folk. Mas não.

Uma vez que o Folk entra, é difícil tira-lo da circulação sanguínea dos seus integrantes, e Twelvefour deixa isso mais claro que nunca. A banda ainda reafirma a identidade composta criada dos estudos que seus EPs lhe renderam, juntando com as referências de States. Ainda existe uma grande paixão inerente pelo Folk e isso não é apenas ouvido, mas sentido. Claro que a banda não abandona sua inventividade e ainda procura novas referências para vislumbrar novos horizontes da mistura Folk. Electric Indigo aproxima-se de uma estética Synthwave dos anos 1980, quase como uma canção melosa de Bryan Adams. Bleed Confusions lembra ambientes chuvosos e frios, compostos por reverbs e timbres quentes de piano (criando uma doce ironia). Revelator Eyes junta o fator dançante de música de New Order com harmonias vocais belas, uma das principais habilidades do grupo australiano.

Mas, não tem jeito, Twelvefour é um disco sobre o Folk. A banda traz desde estruturas mais clássicas do gênero, até suas formas mais compostas. Em certos momentos, somos surpreendidos como aquele padrão singer-songwriter ainda é extremamente tocante, principalmente nas faixas A Silent Cause (com seus belíssimos violões), Renegade e seu clima mais upbeat e, por fim, aquele clima caipira americano de I’m Lying To You Cause I’m Lost, relembrando certas faixas dos primeiros discos de Band Of Horses. De uma forma ou outra somos aguçados a nos lembrar de todas as referências Folk que temos, fazendo deste trabalho uma confirmação da relevância de The Paper Kites na música mundial.

Pode não ser uma obra que apresente inovações drásticas, mas certamente encantará os devotos do gênero e, principalmente, os fãs da banda. Pela honestidade, produção e sinestesia, continuamos atentos nos futuros trabalhos do conjunto.

Loading

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique