Resenhas

The Soft Pink Truth – Why Do The Heathen Rage?

Álbum apresenta um conceito que vai abalar os fãs mais puritanos do Metal

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Ano: 2014
Selo: Thrill Jockey
# Faixas: 10
Estilos: Techno, House, Industrial
Duração: 38:21
Nota: 2.5
Produção: Drew Daniel

Imagine o dilema e a liberdade de ser, ao mesmo tempo, DJ e fã de Black Metal. Pois é nessa contramão que se encontra Drew Daniel, também conhecido por ser uma das metades responsáveis pelo projeto Matmos. Com seu projeto pessoal The Soft Pink Truth, aposta em versões cover, e, assim, desafia músicas vindas de um dos sectos mais violentos da música, que, dentre tantos outros flertes ideológicos de intolerância, inclui a homofobia como um de seus principais assuntos.

The Soft Pink Truth já focou sobre o universo gay em seu primeiro ábum Do You Party? e também já se aventurou em covers do Punk Rock e Hardcore em seu segundo trabalho Do You Want New Wave Or Do You Want The Soft Pink Truth?. Agora, em 2014, com seu Why Do The Heathen Rage? une o peso (tanto temático quanto sonoro) do Black Metal com a temática homossexual em suas próprias versões eletrônicas de “clássicos” do gênero.

A tensão do projeto que transita em torno do da pervesão do sexo violento e dos seus temas de ódio e de agressão física torna Why Do The Heathen Rage? um álbum bastante difícil de ouvir. De um lado, não é simples acostumar-se com a atmosfera de uma das vertentes mais barulhentas do Metal. De outro, se por acaso você também é fã do estilo como o próprio Daniel, é possível que não consiga entender as apropriações eletrônicas que o mesmo faz do assunto, transpondo-as para o cenário para o House e o Techno Industrial.

Embora musicalmente Why Do The Heathen Rage? não pareça um grande destaque para a cena eletrônica, é na sua proposta artística de subverter os temas do Black Metal que reside a sua genialidade. De fato (aliás, uma coisa que deve irritar os mais aficcionados pelo estilo), ao transpor as músicas para o universo gay, transferindo o contexto, Drew mostra o quanto do tema já existia, na verdade, na gênese das canções, velada pelo peso da distorção. Vale conferir, nem que seja só pra ver no que deu e curtir a inserção de The Power de Snap! em Satanic Black Devotion.

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BOM PARA QUEM OUVE: Pharmakon, Matmos, Liars
MARCADORES: House, Industrial, Techno

Autor:

é músico e escreve sobre arte