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Não é nenhum segredo que a grande estrela de Blood I Bled EP é a música que lhe batiza. A boa escolha, porém, foi dar uma cara variada ao lançamento, para que ele não fique com cara de single acompanhada de “single com duas faixas de lado-B”. Não só a ordem em que as composições aparecem, mas a variedade entre cada um, faz este lançamento ajudar o trio The Staves a brilhar com ainda mais luz.
Blood I Bled é uma canção sofrida quase marcial, com uma narrativa dolorosa sobre um trauma cujo acontecimento se torna uma lembrança constante, algo que “corta as raízes” e deixa as “folhas mortas”, como a letra diz. Ela surge cheia de pequenas surpresas em seu decorrer, todas ressaltando uma forte carga sentimental – do melodrama à emoção mais crua, quase agressiva.
É interessante tentar imaginar o produtor Justin Vernon ouvindo a música pela primeira vez e fazendo sua experiência com Bon Iver (principalmente no segundo disco) valer ainda mais a pena, planejando tais timbres aqui e ali, para dar um corpo diferente ao Folk quase “tradicional” das irmãs, principalmente nas figuras de linguagem que comentam a natureza.
E é interessante notar que America, a música que fecha o EP, não possui quase nada disso. Pelo contrário, ela se parece mais com os trabalhos antigos das irmãs, colocando suas belíssimas harmonias vocais sempre em primeiro plano com instrumental mais discreto. É quase o oposto do que vimos em Open, a faixa de abertura, que traz uma ambientação tão etérea quanto melancólica pras cantoras desempenharem seus papéis. É sua função colocar o ouvinte quase em transe, como se caísse no sono, para curtir o que vem pela frente.
Como um tríptico, tendo a faixa principal ao centro, o disco aponta a uma nova fase na carreira da banda, um dos poucos nomes que conseguem agradar plenamente dois tipos de ouvinte: O que busca apenas canções bonitas por belas vozes e aquele que se interessa por sons mais fora do padrão.
The Staves lançará seu terceiro álbum em algum momento de 2015 e este Blood I Bled EP consegue compreender suas diversas características para já preparar o público para o que vem por aí. E, aparentemente, continuaremos boquiabertos sempre que as irmãs começarem a cantar.
