Resenhas

The Strypes – Little Victories

Obra mostra tanto quanto a banda amadureceu, quanto seu potencial de crescimento futuro

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Ano: 2015
Selo: Virgin/EMI Records
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock. Garage Rock, Pop Rock
Duração: 44:00
Nota: 3.5
Produção: Charlie Russell and Bradley Spence.

Certos discos acompanham nossas vidas, mas já pararam para pensar que eles também acompanham a vida de seus compositores? Bandas com vários anos de atividade tendem a refletir seu amadurecimento em suas obras e isso se desdobra em inúmeras possibilidades. Talvez o caso mais famoso de hoje em dia seja o de Arctic Monkeys, que começou com seu Indie Rock adolescentesco e ingênuo, transformando-se em um grupo que apurou seu gosto para propor sonoridades mais homogêneas com misturas do Pop e do Trip-Hop.

Também da Inglaterra, The Strypes é um desses conjuntos que vivem literalmente os discos que compõem e hoje, mais do que nunca, isso fica extremamente claro. Oriundo de uma formação que protagoniza o Rock e Blues, o quarteto despertou atenção da crítica especializada, reunindo elogios e até mesmo rendendo shows em outros países, como a edição do Cultura Inglesa Festival (SP) deste ano. Entretanto, eram críticas que apontavam ainda a amadorismo de certas canções, vinculado tanto à idade dos integrantes quanto à jovialidade do Indie Rock proposto. Isso mudou.

Little Victories é o segundo trabalho de The Strypes e as coisas aqui estão mais adultas (assim como os próprios integrantes, que começaram a banda quando eram bastante jovens). Em termos de composição, vemos canções ainda bastante simples com estruturas bem básicas, porém com toques de interpretação mais ousados que dão às músicas ares mais interessantes, que prendem o ouvinte por mais tempo (ao contrário do que ouvíamos no último lançamento Flat Out). Outro fator que nitidamente melhorou é a produção e a engenharia de som: desta vez, trabalhando com uma sonoridade mais profunda, valorizando os graves ao invés de aumentar todos as frequências médias como canções de Blues dos anos 1950. É um disco fundamental na construção da identidade sonora da banda, mas, como o próprio processo de “construção” sugere, isso é feito aos poucos e ainda percebemos alguns traços da jovialidade da banda.

Talvez a questão que mais aponte que Little Victories é uma fase de transição entre a adolescência de Flat Out e os futuros lançamentos seja o grande apego que The Strypes tem para com suas referências. Isso não quer dizer que tê-las como norte de sonoridade seja algo ruim. O problema é algo que já discutimos por vezes aqui no Monkeybuzz: não usar suas bandas de predileção como uma base para você construir suas canções, mas como um tempero. As músicas possue sonoridades parecidas com Arctic Monkeys (Eighty Four), riffs pesados no estilo Wolfmother (I Need To Be Your Only) e melodias parecidas com músicas de Babyshambles. Não estamos falando que essas sonoridades não podem ser reutilizadas (uma questão que diz respeito sobre originalidade. Mas é complicado quando a primeira impressão que se tem sobre determinada música é pensar no que ela parece, ao invés de admitir: “isto é The Strypes”.

Longe de ser a obra prima da banda, Little Victories aponta caminhos novos e uma evolução que esperamos ouvir em novos registros. Como o próprio nome sugere, são pequenas vitórias para The Strypes que nos trazem esperança de sonoridades maduras. Os músicos estão crescendo e o futuro parece estar reservando coisas interessantes para eles.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique