Resenhas

The Vaccines – Come of Age

Maturidade e superação de expectativas marcam o segundo álbum do grupo, que mostra saber variar e estruturar suas referências ao mesmo tempo que se renova sem perder sua identidade

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Ano: 2012
Selo: Columbia
# Faixas: 11
Estilos: Garage Rock, Indie Rock
Duração: 39:35
Nota: 4.0
Produção: Ethan Johns

Todos envelhecem ou amadurecem em algum momento, e para uma banda que há dois anos atrás lançou o seu primeiro disco, fazendo um estrondoso sucesso mundial, talvez esse processo tenha se tornado um pouco mais rápido e notável. Se em seu primeiro disco o The Vaccines perguntava para o público “o que vocês esperavam do The Vaccines?”, e respondia musicalmente através de um disco que abordava desilusões amorosas em letras sinceras e tristes com um Rock & Roll extremamente rápido e direto ao ponto, dessa vez em Come Of Age a idade literalmente chegou para a banda.

Neste registro, as letras fogem um pouco da chamada “dor de corno” e abordam questões mais pertinentes ao atual estado do grupo diante da mídia e público. Justin Young faz questão de afirmar que não é nenhum ícone adolescente, ou a voz de uma geração em Teenage Icon e No Hope, canções já conhecidas pelo público, e que não fugiam muito da estrutura do grupo. Se os carros chefes já indicavam um Rock com a mesma cara, o que esperar do resto do álbum?

Satisfatoriamente, a banda consegue explorar outros sons e vertentes, fugindo do estigma de não conseguir se reinventar em um segundo álbum ou seguir no mesmo esquema da estréia. Ela consegue dosar bem as suas características “Pop em formato Rock & Roll”, como seus próprios músicos afirmam, mas alcançado outros ritmos.

Ghost Town é uma “Psychobilly”, vertente viajada do Rockabilly de Elvis e Jerry Lee Lewis, e percebemos nela a agradável voz do vocalista em uma faixa que em nada lembra o primeiro disco, sendo mesmo assim o The Vaccines, sabendo criar músicas boas. Weirdo tem um riff de Surf Music mais lento e até mesmo estranho à primeira vista. Devagar e crescente, como os bons momentos da banda, ela é viciante.

Bad Mood é um Rock & Roll cru, com as guitarras se soltando um pouco mais e com o timbre de voz de Justin dando o tom certo a canção. Musicalmente, é uma canção muito bem estruturada, algo que a banda soube fazer neste disco devido a própria duração de suas faixas. Se no primeiro a maioria delas tinha pouco mais de dois minutos de duração, neste vemos canções mais “duradouras” com seus três ou quatro minutos. Menos tempo ocasionava em uma maior urgência em expressar tudo o mais rápido possível, fato que tirava um pouco a coordenação da banda. Com esse “tempo extra”, todos ganham – banda e fãs.

I Always Knew volta às desilusões amorosas, assim como All In Vein. Baladas Pop, a primeira mais agitada com sua bateria bem conduzida e a segunda mais pessoal ao violão, mostram que Young realmente domina o assunto, aliando sua voz a letras bonitas. Em Aftershave Ocean, temos o melhor momento lírico do disco, com rimas e aliterações que fazem a música fluir perfeitamente. Vale ressaltar que a introdução leva o ouvinte a pensar que está diante de um pseudo Queens of the Stone Age, devido ao peso da mesma, entretanto a música acaba caminhando para um lado muito mais leve.

Change Of Heart Pt.2 e I Wish I Was A Girl são duas canções muito diferentes entre si, mas com o mesmo espírito: fazer o ouvinte dançar ao som do grupo. Se a primeira é mais agitada com seu baixo e bateria pulsantes, a segunda propicia uma dança mais swingada e sexy, à la Pulp Fiction. Terminando o disco, temos balada bem lentinha Lonely World, grande e talvez menos épica que Family Friend, música nos mesmos moldes e que fechou o primeiro álbum do grupo, mas mesmo assim boa.

Temos aqui um segundo disco que serve como excelente exemplo de renovação, bem semelhante à mudança de ares que o Franz Ferdinand fez quando lançou seu segundo álbum. Sem perder o lado Pop e de fácil entendimento, mas ao mesmo tempo variando e estruturando suas referências e músicas respectivamente, o The Vaccines criou um belo segundo disco de Rock & Roll. Agora como uma realidade no cenário musical, veremos se Justin Young se tornará ou não a voz de uma geração.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Strokes, Howler, Arctic Monkeys
ARTISTA: The Vaccines
MARCADORES: Garage Rock, Indie Rock

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.