Resenhas

The World Is A Beautiful Place & I Am No longer Afraid To Die – Between Bodies

EP mostra nova e brilhante perspectiva ao conhecido som da banda

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Ano: 2014
Selo: Broken World Media
# Faixas: 8
Estilos: Emo, Post-Rock, Spoken Words
Duração: 28:34
Nota: 4.0
Produção: Chris Teti
SoundCloud: /tracks/166086274
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/between-bodies/id915620244?uo=4

Se o debate acerca de letras de músicas serem poemas perdura, o novo EP de The World Is A Beautiful Place & I Am No longer Afraid To Die fecha a questão deixando as coisas bem claras: sim, o letrista é um poeta. Contando com a participação de Chris Zizzamia, o novo registro dá uma nova perspectiva ao som libertador e epifânico de um dos grupos mais aclamados do Emo Revival , dando preferência à recitação de versos ao invés de linhas de vozes melódicas e melancólicas bastante conhecidas do gênero Emo original. Seu excelente disco registro Whenever, If Ever já nos mostrava a importância da banda no cenário, mas lidamos agora com este Between Bodies – não só com um nome relevante, mas um grande influenciador.

Temos uma sonoridade parecida com os registro anteriores, mas aqui ela não é feita com o intuito de chamar atenção, mas de servir como uma base para os versos lamentosos e existencialistas de Chris, o que é feito de forma harmônica e agradável. As diversas entonações do poeta são acompanhadas pelos vários músicos, seja em cenários mais exaltantes como em If And When I Die, ou em ambientes mais profundos e lamentosos, em Shoppers Beef. É um disco com uma mudança de humor constante, mas que não deve ser encarado como um ponto negativo, mas como um realismo profundo de um poeta que sofre com seus enigmas e questionamentos. Chris é um ser humano e a banda instrumentaliza sua dúvida.

A questão que sempre chamou atenção nos trabalhos de The World Is A Beautiful Place… é como a banda se apropriou de características do Post-Rock e as moldou no Emo, um gênero caracterizado por estruturas definidas e repetidas. Essa fusão extremamente harmônica coloca o ouvinte em uma posição extremamente confortável, o suficiente para escutar uma música de sete minutos de constantes barulhos e ambientações e versos sobre um personagem que se encontra à beira de um precipício (Blank #8/Precipice).

Com uma alma poética muito forte e instrumentações inteligentes e sentimentais, Between Bodies é a personificação do existencialismo moderno. Você pode não entender todo o poema recitado em uma música, mas volta e meia uma frase fica em sua cabeça. Sentenças como “Do you know that we are made from the stuff that makes the stars?”, “No one is invincible, everyone is immortal” e “I like you like I like the dark, why would I aim to defeat it?” são exemplos que rodaram em sua cabeça por muito tempo, confirmando e passando ao ouvinte as dúvidas de Chris.

Between Bodies não é melhor ou pior que Whenever, If Ever. É igual e não é igual. Mostra uma perspectiva nova do excelente trabalho da banda e transmite integralmente a dor e a dúvida do eu-lírico. Com certeza estamos diantes de um dos melhores EPs do ano.

Um trabalho completo e instigante. Se Sartre fosse vivo, ele estaria em um show da banda.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique