Resenhas

The Wytches – Home Recordings

Trio inglês lança EP com gravações intencionalmente toscas

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 7
Estilos: Garage Rock, Rock Psicodélico, Rock Alternativo
Duração: 22:10
Nota: 1.5
Produção: The Wytches

Há que se ter uma paciência enorme. The Wytches, trio da Santos inglesa, Brighton, está de volta. Pessoalmente, não tenho muita boa vontade com bandas que se dizem partidárias atuais de “Garage Rock” ou “Rock Psicodélico” porque são gêneros bem específicos e sérios dentro do estilo. Significaram evolução, libertação de parâmetros, renovação estética, enfim, quando vieram, entre fins dos anos 1960 e início dos anos 1970, ambos, cada um a seu jeito, deram oportunidade para certa reinvenção do Rock, gerando novas sonoridades e inserindo democraticamente um monte de gente que, até então, se limitava a aplaudir bandas e artistas famosos. Deste jeito, irrita um pouco que um trio de moleques bem nutridos pela estabilidade econômica social da classe média inglesa deste início de século, surja por aí com guitarras altas, pose de junkies e arrogando referências em gente como The Velvet Underground e The Stooges.

Mas tudo bem, nada de radicalismos. Pra vocês que estão esperando a sequência de Annabel Dream Reader, estreia dos sujeitos, lançada em 2014, eles soltaram um punhado de gravações cruas num EP. O título sugere esta largação intencional, este abraço fofinho aos sons mais pesados e com cara de maus, mas que impressionarão a poucas pessoas. Se você desejar, por acaso, ter um exemplar físico, terá que se contentar com uma descoladíssima edição em cassete. Fora isso, apenas nos serviços de streaming da vida ou nos downloads aqui e ali.

Entre as canções, pouca novidade, sendo que os sujeitos abusam da auto-indulgência plantando um instrumental intencionalmente canastrão a poucos metros do fim do álbum, no caso, Instrumental 2. Outra canção, The Ghastly Remains Of Dr.Ghoulstone é um apanhado de efeitos de estúdio, que conta com a percepção malandra do ouvinte, que tem o papel de conferir alguma genialidade a algo tão sem sentido. A última canção, The Gaging Eye, envereda pelo terreno das baladas clássicas, mas surge com arranjo desconstrutor, mostrando que a banda não tem piedade com as suas próprias criações e não está nem aí para nada. Yeah. Que radical.

Se você é fã, meus parabéns. Os caras estão de volta. Se você fez uma promessa para algum santo, dizendo que ouviria tudo o que esse pessoal lançasse, aqui está mais uma etapa rumo a expiação eterna. Arrependa-se.

(Home Recordings em uma faixa: The Ghastly Remains Of Dr.Ghoulstone)

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.