Resenhas

Thee Oh Sees – Putrifiers II

O esquizofrênico 14° disco dos californianos é um dos mais “Pop” que a banda já produziu ao brincar, em suas 10 faixas, com muitos estilos e sonoridades diferentes

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Ano: 2012
Selo: In the Red
# Faixas: 10
Estilos: Garage Rock, Rock Psicodelico
Duração: 36:35
Nota: 3.5

Assim como o Synth Pop, o Garage Rock, nos últimos 20 anos, teve inúmeros representantes. Desses tantos, alguns seguiam somente o que foi estabelecido no surgimento do estilo, fazendo um repeteco dele, já outros, davam sua cara e experimentavam como as bases do gênero, sem medo de ousar ou de não ser compreendido. O Thee Oh Sees definitivamente se encaixa na segunda categoria e, mais que experimentar, o grupo parece brincar com esses elementos, fazendo fusões com outros tantos estilos e trazendo uma musicalidade que se distancia da crueza proposta por ele.

Putrifiers II (o nome sugere a continuação de um disco que nunca existiu) é um ótimo exemplo dessa mistura que o John Dwyer e companhia fazem. Nele se encontra desde os elementos garageiros, que a banda já vinha fazendo em seus treze trabalhos anteriores, e adiciona a eles toques de Folk, uma vibe retrô do Dream Pop e o Rock Psicodélico dos anos 60 e 70. A princípio, pode parecer realmente confuso e, por mais que pareça absurdo dizer isso, ao longo de suas dez faixas, o álbum se mostra muito acessível, sendo este talvez o mais “Pop” da sua carreira.

Dwyer parece não querer se concentrar em um estilo especifico e decide seguir uma linha diferente em cada música, brincando com gêneros, sonoridades e até mesmo com bandas bem diferentes. Wax Face abre o disco com um riff divertido que logo dá lugar ao peso das guitarras e uma percussão frenética. Com altas doses de lisergia, a faixa parece ter saído do encontro de Ty Segall e White Fence em que o peso do Garage Rock se encontra com o Rock Psicodélico de uma forma muito orgânica. So Nice parece trazer de volta o Art-Rock sessentista, com violinos e um vocal processado, a canção lembra bastante o que o Velvet Underground fazia na época.

O disco continua apresentando seu desfile esquizofrênico em músicas como: Putrifiers II que mostra a crueza, simplicidade e peso de uma boa faixa de Garage Rock, Lupine Dominus que tem o Rock Psicodélico como Norte e aposta nas guitarras e vocais em falsete para criar esse clima lisérgico, a baladinha Goodbye Baby que usa as melodias pegajosas e os vocais, desta vez, mais melódicos de Dwyer para criar um clima “fofinho”. O álbum encerra no extremo oposto de onde começou – no lugar da energia e distorção enfurecida de primeira faixa, Wicked Park é um tanto calminha e harmoniosa, como se o Folk tivesse ido para a Califórnia e descoberto o som “preguiçoso” dos sintetizadores.

Putrifiers II é um desses discos que, por mais desconexo que possa parecer à primeira audição, se torna algo onde tudo faz sentido por não ter muito sentido. O divertido álbum conta com dez músicas tão diferentes entre si, mas que fazem total sentido quando se entende o intuito da banda em ousar e experimentar com muita coisa ao mesmo tempo.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts