Resenhas

These New Puritans – Field of Reeds

Tendo instrumentos clássicos como piano, cordas e sopro, e corais, composições carregam forte carga sentimental e artística ao novo trabalho

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Ano: 2013
Selo: Infectious Music
# Faixas: 9
Estilos: Art Rock, Neoclássico, Post-Rock
Duração: 53:00
Nota: 4.5
Produção: Jack Barnett, Graham Sutton

Bandas se modificam, tomam rumos diferentes ao longo do tempo, mesmo sendo num curto prazo. Desde o primeiro álbum do These New Puritans até o atual observamos mudanças facilmente perceptíveis, e agora com Field of Reeds os ingleses vão para o lado mais sublime e interior de si com faixas belas e delicadas.

Diferente de seus antecessores Beat Pyramid e Hidden, que eram marcado por faixas com intensa percussão, uso de guitarras e vocais com certa agressividade e atmosfera entorpecente, Field of Reeds – primeiro disco desde a saída de Sophie Sleigh-Johnson que assumia os sintetizadores – vem mais espiritual e menos intenso, tendo como carro chefe os vocais sublimes e os instrumentais clássicos como piano, cordas, sopros, e a participação de um coral infantil. Basta darmos o play na primeira faixa dos três discos e percebemos como a tônica que o trabalho do grupo se alterou com o passar dos trabalhos, indo do Rock com batidas de Hip Hop, pro eletrônico obscuro e agora para algo que beira um Post-Rock com elementos Neoclássicos.

Apesar de agora ser um trio, o álbum ganha a participação de Elisa Rodrigues, cantora portuguesa de Jazz convidada a emprestar sua voz em algumas canções, como The Light in Your Name, uma das mais emotivas do disco. Começando mais suave e crescendo aos poucos, seu ápice é o encontro do rufar da bateria com o ambiente sublime criado pelo piano, as cordas e os vocais de Jack e Elisa, resultando numa experiência de palpitar corações

A mudança é tamanha, que não é exagero nenhum dizer que Spiral e Organ Eternal nos lembra um pouco de Spiritualized de Jason Pierce, com sua ambientação espacial e envolvente. Não é também errado em dizer, que Field of Reeds, representante da primeira arte – a música- casaria muito bem com a segunda – a dança- , em seu espírito teatral e corpóreo de movimentos suaves e sublimes, assim passando fisicamente toda a emoção e sentimentos das ondas musicais que o trio transmite através de seus instrumentos.

Sabendo se aventurar pelo lado mais emocional e sublime da música, These New Puritans conseguiu se sair muito bem nos aspectos técnicos, como arranjos e produção, além de acertar em cheio ao convidar Elisa, que trouxe uma incrível contribuição para o álbum com sua voz envolvente e condizente com a proposta do álbum. No geral, Field of Reeds já pode ser considerado o disco melhor elaborado da banda inglesa em sua, até o momento, curta discografia. Se eles irão seguir essa linha, ou voltar aos moldes mais roqueiros de antes, ou ainda, trazer algo novo, não sabemos, ainda mais vindo de uma banda que tem uma veia artística forte, e do artista tudo se espera.

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Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).