Resenhas

Thiago Pethit – Rock’n’Roll Sugar Darling

Cantor reforça sua identidade ao consolidar-se como artista que sabe evoluir em sua identidade

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Ano: 2014
# Faixas: 11
Estilos: Indie, Indie Rock, Indie Pop
Nota: 4.5
Produção: Adriano Cintra, Kassin

Em uma primeira impressão, parece que Thiago Pethit, o antes autointitulado Estrela Decadente, assumiu uma nova persona, a tal Rock’n’Roll Sugar Darling do título. Uma audição repetida e mais atenta, porém, pode revelar que o novo trata-se de uma evolução natural do anterior – que, por sua vez, fortifica as raízes do inciado em Berlim, Texas (2010). Em outras palavras, o músico segue firme em sua identidade assumindo amadurecimentos e contextos para criar um som sempre de alta qualidade.

Esse novo “Sugar Darling” é ainda mais decadente em vários momentos, mas sem autopiedade. Pelo contrário, os pés estão firmes na Boca do Lixo enquanto ele canta “Doce como açúcar/Explode na sua boca/Vem chupar meu Rock’n’Roll” (na excelente faixa-título) ou “Baby, quando eu te vi, eu não soube dizer/Se queria matar, se queria meter” (Romeo), em um lamento que, no disco anterior, provavelmente traria menos ironia e acidez. É uma outra melancolia, ou uma diferente forma de encará-la, talvez uma linha tênue entre a aceitação e a negação no loop de um processo emocional.

Pethit, mais uma vez, se revela intérprete e muda consideravelmente seu jeito de cantar de uma faixa pra outra e todo aspecto narrativo, como sempre, é relevante. Sai o cabaré, vem o espaço underground para qualquer tipo de performance. O disco parece ter um neon que pisca de vez em quando e, ao invés da cortina vermelha, uma nuvem de fumaça para contornar o palco.

Sob a produção de Kassin e Adriano Cintra, o disco se inspira no Rock dos circuitos alternativos dos anos 1970 (o que já dava pra sentir em faixas do disco anterior como Moon) para levar o som de Thiago ainda mais longe. Faixas como Honey Bi e Voodoo são inegavelmente do mesmo compositor de Dandy Darling e Haunted Love (ambas de Estrela Decadente), mas surgem aqui com mais corpo, mais malícia e maior carisma.

E é por isso que o álbum é uma evolução natural do que já ouvimos antes do cantor. É a mesma alma, alguns anos, traumas, experiências, alegrias, cigarros e viagens depois. As últimas faixas talvez mostrem isso ainda mais, já que são as mais parecidas com os outros discos, só que ainda com esta nova atmosfera, um clima denunciado desde os primeiros segundos com a narração do lendário ator Joe D’Alessandro (muso de Andy Warhol).

Sorte de Pethit, que pode misturar músicas de todos os álbuns ao vivo e o show continua coeso. Do lado de cá, o lucro fica em vermos consolidado um artista que não tem medo de fugir do óbvio e que encontra um novo ápice a cada lançamento – ainda que seu auge não esteja no Olimpo, mas no mais badalados dos inferninhos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Willy Moon, David Bowie, Lana Del Rey
ARTISTA: Thiago Pethit

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.