Resenhas

This Town Needs Guns – 13.0.0.0.0

Banda de Math Rock lança o seu segundo trabalho após quatro anos e demonstra a sua relevância no estilo com construções lindas e precisas

Loading

Ano: 2013
Selo: Sargent House
# Faixas: 12
Estilos: Math Rock, Math Pop, Indie Rock
Duração: 40:42
Nota: 4.0
Produção: Ed Rose, This Town Need Guns

Math Rock é muitas vezes considerado um rótulo musical um pouco presunçoso. O que é este estilo que se diz uma mistura entre matemática e Rock and Roll? This Town Needs Guns é uma banda do gênero que, assim como o Foals, iniciou uma cena importante na cidade Oxford, importando-a para todo o mundo posteriormente. Em seu segundo disco,13.0.0.0.0, consegue exemplificar o que é o estilo sem soar “cabeçudo”.

O “Rock Matemático” nada mais é do que uma série de orquestrações pouco usuais na música, baseadas em tempos alternativos e com cada instrumento soando diferente do que estamos acostumados. Cat Fantastic, por exemplo, tem uma linha de guitarra simplesmente fantástica, com dedilhados que entram naturalmente na música. Uma boa analogia é de uma pessoa costurando um tecido, a música, com uma agulha, a guitarra. O movimento, ordenado, nos traz o resultado final que é esta bela canção confeccionada.

Linhas assim são somente uma demonstração do que o estilo é capaz e a voz de Stuart Smith, estranha a princípio, dada a complexidade do projeto, acaba se tornando fundamental para aproximar o ouvinte do sentimento de linhas instrumentais tão bonitas. Momentos memoráveis não faltam no disco, como as quebras de ritmo vistas em Left Aligned, faixa rápida e calma, com a sua guitarra que se mistura a voz de Smith perfeitamente.

Temos no disco diversas músicas sem vocal, o que serve como uma válvula de escape para a boa voz de Smith, mas que se torna um pouco cansativa se escutada em exaustão. O baixo melódico em In The Branches of Yggdrasil serve de inspiração para qualquer baixista que quer ser mais do que simplesmente uma figura de condução, mas também um compositor. Nice Riff, Clichard, Pigmy Polygamy e 13.0.0.0.1, todas instrumentais, só elevam o status da banda como um grande nome do gênero e expõe a sua capacidade para sair do pensamento comum da música Indie atual, a qual se resume muitas vezes em sua simplicidade.

2 Birds, 1 Stone and An Empty Stomach despluga a banda para uma belíssima canção acústica. Conduzida em um primeiro momento quase que na voz sofrida de Smith, ela vai aumentando o volume de seus instrumentos para abrir espaço para um riff que os sincroniza quase que perfeitamente, como se todos os sons saíssem do mesmo lugar. I’ll Take the Minute Shake é o melhor momento do disco. A guitarra sem distorções destaca-se em linhas precisas juntamente com o trabalho vocal. Canção mais comprida do trabalho, divide-se em duas partes distintas em sua metade, construindo dois momentos análogos, mas tangíveis.

Se uma palavra pudesse definir o Math Rock ela seria “complexidade”. Não aquela que estamos acostumados a ver em momentos excessivos do Metal ou do Rock Progressivo, porém uma complexidade que deslumbra o ouvinte devido à sua beleza. Apesar de matemático, lógico, o som não quer impressionar devido a tais virtudes, mas sim com o sentimento envolvido em sua criação. Após quatro anos de seu último disco, This Town Needs Guns ainda ocupa um dos papeis mais importantes do gênero, elevando-o a outros níveis e proporcionando um excelente álbum.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: The Maccabees, Foals, Enemies

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.