Tim Presley é um músico norte americano que joga no time dos workaholics, produzindo e inventando novos projetos incessantemente para não padecer na mesmice sonora. Com o projeto White Fence, talvez sua empreitada mais significativa até agora, o artista construiu sua trajetória em direção a um som Psicodélico cada vez mais polido, que culminou com o álbum For the Recently Found Innocent. Depois disso, resolveu retornar ao Lo-Fi Experimental com sua alcunha (e seu álbum homônimo) W-X.
Recentemente, tem aprontado algumas provocações ao lado de Cate Le Bon. No ano passado, lançou com DRINKS, uma banda pronta a tornar difusas as fronteiras entre o Indie e a música experimental, o trabalho Hermits on Holiday. O lançamento da vez, The Wink, ainda é ao lado de Le Bon, mas com esta assumindo o papel de produtora, enquanto Tim Presley transforma seu nome próprio em título de banda.
The Wink segue a trilha de W-X, e claro, também de Hermits on Holiday, jogando com elementos difusos e proporcionando ao ouvinte uma experiência desafiadora dentro da música experimental. Aqui, Presley soa auto indulgente e irônico, assume ares de um artista maluco – uma persona que mistura elementos de David Byrne e de Frank Sidebottom – que faz um malabarismo entre letras afiadas e instrumentação instável. Uma bateria eletrônica, uma guitarra esquálida e arranjos de sintetizador displicentes dividem lugar com a expressão crua da voz de Presley e com os ornamentos complexos da bateria de Stella Mozgawa (Warpaint).
Tudo soa esquisito, mas é de propósito: a ornamentação de “gênio incompreendido” com a qual Tim Presley se reveste aqui instaura o clima perfeito para o trabalho. Como seu próprio título denuncia, todos sabemos que se trata de um subterfúgio artístico, mas que fique entre nós. The Wink, afinal, é reconfortante como o arremate de uma piada interna, para aqueles que a reconhecem.
(The Wink em uma música: ER)
