Jennifer Lee é TOKiMONSTA, DJ e produtora californiana, descendente de coreanos, que se aventura no terreno do Pop e da Música Eletrônica há uns 10 anos. A história da artista é interessante, uma vez que treinou piano clássico, formou-se em administração, trabalhou com videogames e, enfim, floresceu no mainstream da indústria musical. Lune Rouge, no entanto, talvez seja um marco na história pessoal de Lee, pois este nasce após a artista se recuperar de uma doença raríssima chamada Moyamoya, através da qual perdeu a capacidade de falar e de ouvir música.
Talvez seja por isso que Lune Rouge soe tão familiar aos ouvidos, porque faz parte da necessidade da artista em habitar um território seguro e estável após uma experiência traumática. Pode-se dizer que, nesse sentido, o álbum é extremamente bem sucedido.
Lune Rouge explora o EDM, a tendência Pop mais bem estabelecida dos últimos anos. Há um flerte com o cenário do Hip Hop, com a música Eletrônica tortinha que serve aos vocais carregados de letras de fácil assimilação, feitas para atingir o maior número de pessoas possível. A produção de Lee é primorosa, tudo soando cristalino, encaixado, hi-fi. A artista disse que “este álbum não foi feito para satisfazer uma indústria ou uma tendência, é sim feito para deixar as pessoas felizes”. Ouvir Lune Rouge é perceber que o trabalho na verdade funciona bem, sim, nas três frentes.
O que nos leva à última questão, que é a da artista ter declarado que este trabalho é uma playlist para uma pessoa só. É interessante pensar assim: em mundo de playlists e mixtapes, o álbum tornou-se uma abordagem “séria” do modo de se fazer música, enquanto as outras duas mostram algo mais descompromissado. Não há, no entanto, nenhum critério técnico que diferencie os três, apenas conceituais. Embora TOKiMONSTA tenha, provavelmente, encarado o processo de compor Lune Rouge com um olhar muito mais focado e sério do que seus antecessores, a vibe aqui é de festa, segurança e familiaridade.
(Lune Rouge em uma música: We Love)
