Desde o início de sua carreira, Tom Misch se destacou por uma mistura descompromissada entre jazz, R&B e soul, que resultou em uma sonoridade rica, porém sem grandes floreios ou complicações. Seja em Geography (2018) ou What Kinda Music (2020), o músico britânico provou seus talentos como compositor, guitarrista, vocalista e produtor, trazendo cada vez mais requinte às suas composições e abraçando novas sonoridades – e consumando um encontro íntimo com o jazz (não à toa, ele convidou o talentoso baterista Yussef Dayes para sua segunda obra). Seu mais novo registro, o EP Six Songs, mantém ecos desses dois trabalhos, seja pelos grooves envolventes ou pelas texturas apuradas – captando a acessibilidade de sua primeira obra e o refinamento do sucessor.
Lançado poucos dias antes de 2024 se encerrar, o projeto, como o próprio nome indica, é composto de seis canções que, entre outras coisas, refletem a versatilidade de Misch. “Insecure” abre o repertório com uma introspecção melódica e uma rítmica simples, porém eficaz. “Colourblind”, na sequência, apresenta um lado mais pop do EP e conta com a participação do conterrâneo Loyle Carner, que dispara rimas sob uma leve instrumentação. “Invincible” traz um groove dançante de R&B, enquanto “Cinnamon Curls” reduz a cadência para em uma atmosfera mais sensual. “Falling For You” destaca uma sofisticação rítmica, incrementada mais uma vez pela colaboração com Dayes; e “Better Days” encerra o a breve viagem de forma acústica, remetendo aos primeiros singles do músico(ainda lançados no SoundCloud).
Ainda que não seja algo como um “grande manifesto artístico”, Six Songs cativa pela qualidade das composições e pela produção impecável: Misch aposta na simplicidade em vez da grandiloquência – até mesmo a capa do EP, criada pela mãe do artista, reflete a escolha pela singeleza. Um movimento certeiro que torna este um ótimo retorno, além de um aperitivo para o que está por vir: o terceiro álbum de Tom, prometido para algum momento de 2025.
(Six Songs em uma faixa: “Invincible”)