Resenhas

Tom Vek – Luck

Terceiro álbum do músico se prova mais uma passo em sua carreira, mas não necessariamente para frente

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Ano: 2014
Selo: Moshi Moshi Records
# Faixas: 11
Estilos: Indie Pop, Synthpop
Duração: 46:35
Nota: 2.5
Produção: Tom Vek

Tom Vek é um nome que surgiu no meio musical em 2004 com seu ótimo disco de estreia We Have Sound. Com um som que trazia novas perspectivas para o Rock e o Pop em uma mistura fluente entre as duas “linguagens”, Tom se destacou por seu hibridismo refinado, ainda que o disco soasse muito cru. Hoje, talvez o artista só não seja mais conhecido pelo tempo que demorou em lançar seu próximo disco, Leisure Seizure (2011). Todo estes anos sem material novo são justificados na obra, mas o sumiço prejudicou e muito sua possibilidade se tornar mais popular. Não é difícil notar uma evolução na parte lírica, de instrumentação e na produção (muito mais limpa e objetiva).

Três anos se passariam até que Vek produzisse uma nova obra, Luck. Mas ao contrario do que aconteceu entre seus dois primeiros álbuns, não nota-se grande avanço. De certa forma, é como se ele surgisse exatamente do período de sete anos que separa We Have Sound de Leisure Seizure. Aqui, há elementos de ambos: as letras ainda não alcançando seu total potencial e a crueza de algumas faixas, do primeiro disco, e a produção mais clara, enérgica e urgente, do segundo.

Não que seja um retrocesso, mas esse é certamente um passo em outra direção, que não para frente. As letras, por mais que tenham a intenção de se tornar irônicas e, de alguma forma, satíricas, se tornam repetitivas (caso de Pushing Your Luck, The Girl You Wouldn’t Leave For Any Other Girl e Let’s Pray, que repetem incessantemente o nome da faixa como refrão), que não surpreendem em nada o ouvinte ou mesmo caem em alguns clichês (“How can I make sense of this situation after everything you’ve done to me/ I know it’s not fair just sitting on the fence, not committing to anything”, de How Am I Meant To Know, por exemplo).

Musicalmente, o disco continua no mesmo refinamento sonoro Pop e dançante de Leisure Seizure e, pelo menos nesse quesito, mostra algum avanço. Ele se mostra mais direto, divertido, urgente e inventivo em como costura elementos mais sintéticos com bateria e guitarra. Se as letras não ganham destaque, o que se ouve em torno dela se torna extremamente convidativos ao ouvinte – o que pode encaminhar o músico mais uma vez a permear às pistas de dança.

O ponto mais alto (e bem distante dos demais) é o single Sherman (Animals In The Jungle) que mostra todas as qualidades de produção de Vek se unindo com uma lírica no ponto certo (a faixa se inspira em The Bonfire of the Vanities (1987), livro de Tom Wolfe que retrata a sociedade da época abordando temas como racismo, luta de classes, ambição e política). Tudo isso é embalado por um frenético misto de batidas pulsantes, um baixo que ajuda a conduzir o ritmo, um sintetizador explosivo e cativante, e uma guitarra que tem papel de coadjuvante na música. O timbre e o jeito de cantar de Tom também se tornam um atrativo a parte, casando muito bem com a música.

O restante das faixas não segue o mesmo padrão de Sherman, o que é uma pena por esta ser a melhor canção do álbum, mas o que ao mesmo tempo o torna de certa forma imprevisível e interessante sonoramente – ainda que haja elementos “reaproveitados” dos dois discos anteriores de Tom Vek. Luck é a prova de que evoluir, nem sempre significa andar para frente ou progredir, às vezes mudanças, significam somente que alguma coisas estão diferentes.

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BOM PARA QUEM OUVE: Neon Indian, Dutch Uncles, Metronomy
ARTISTA: Tom Vek
MARCADORES: Indie Pop, Synthpop

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts