Resenhas

TOY – Join the Dots

Segundo trabalho é seguro dos londrinos e continua abordando as hipnoses feitas anteriormente pelo grupo

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Ano: 2013
Selo: Heavenly Recordings
# Faixas: 11
Estilos: Rock Psicodélico, Shoegaze
Duração: 62:00
Nota: 3.0
Produção: Dan Carey

Já abordamos muito a retomada do Rock Psicodélico nos tempos atuais. Da Austrália a França, do Brasil ao Reino Unido, o gênero multiplica-se rapidamente através de bandas e de variações de um som feito para o escapismo. Seja influenciado pelo anos 1960 ou pelo underground dos anos 1980, o estilo está em relevância. Mas, o que chama atenção dentre tantos elementos semelhantes?

O segundo trabalho dos londrinos do TOY não é brilhante a ponto de os aproximar do alto escalão do gênero atual, como Tame Impala, e tampouco experimental, como a contrapartida do MGMT. Resolveu ficar no limbo entre ambos e acaba desenvolvendo um som interessante e com potencial. Join the Dots é composto por uma série de ensaios feitos em drone, elemento marcante em grupos vanguardistas como Velvet Underground. O nome remete às máquinas vistas constantemente nos filmes Star Wars e significa literalmente “zumbido”. Entretanto, o seu real valor está na repetição contínua de sons que reproduzidos através da guitarra dão a sensação de profundidade e imersão.

Condutor, a faixa instrumental de abertura, é a estrutura exemplificada do disco: Instrumentos repetidos, aumento de volume e climatização proposta através das orquestrações jogam o ouvinte para dentro do som psicodélico. Quando a voz entra, ficamos impressionados pela melodia e o encaixe mas rapidamente nos vemos entre canções extremamente semelhantes. Se nos empolgamos facilmente com a sequência You Won’t Be the Same, etílico momento, As We Turn e a épica faixa título, não podemos dizer o mesmo de outras faixas.

É evidente que a vontade do grupo é criar algo entre o Rock Psicodélico e o Shoegaze, ou seja, instrospecções focadas nos olhares nos seus próprios pés. A bateria pulsante que agrada em Condutor, por exemplo, pode ser reconhecida em outros momentos, como Left To Wander e Endlessly, o que não as deixa menos divertidas, mas as torna menos relevantes, mais descartáveis. Alguns momentos, no entanto, tem ares de brilhantismo e nos fazem atentar para os futuros empreendimentos da banda.

A balada crescente Frozen Atmosphere traz o vocalista Tom Dougall fragilizando sua voz em um momento emocionante, enquanto a expansão sonora almejada pelo grupo é plenamente alcançada na excelente It’s Been So Long, faixas marcantes que provam que TOY segue por caminhos interessantes. Vemos que em seu segundo álbum, a banda inglesa segue pelo caminho mais seguro, trazendo sensações vistas no seu trabalho de estreia, mas que podem apresentar sinais de cansaço caso não sejam superadas. Temos provas vivas de que a Psicodelia corre solta nas guitarras sequenciais e fazem de Join the Dots, um trabalho interessante, porém longe do brilhantismo. Nada que não faça, entretanto, nossos ouvidos estarem atentos aos próximos zumbidos.

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BOM PARA QUEM OUVE: Tame Impala, Pond, My Bloody Valentine
ARTISTA: TOY

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.