Resenhas

Troumaca – The Grace

Estreia do quinteto inglês encontra o seu próprio espaço dentro da música atual sem se assemelhar a nada do que estamos acostumados

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Ano: 2013
Selo: Brownswood Recordings
# Faixas: 11
Estilos: R&B, Eletrônico, Dream Pop
Duração: 45:00
Nota: 4.0
Produção: Troumaca

Troumaca é um belo exemplo de banda híbrida. Composta por cinco membros vindos da segunda maior cidade inglesa, Birmingham, tem em suas criações faixas propícias para deixar-se levar intensamente em uma pista de dança viajada, através de um DJ set como em palcos fechados, encenando tudo através de uma instrumentação ao vivo. Seu som pode ter diversos rótulos atrelados, R&B, Acid House, Dreampop, mas a verdade é que tudo isso chega a ter pouca importância diante de um belo disco de estreia.

Dentro de texturas sonoras, como na abertura Trees ou em vozes cativantes em Sancitfy, o som do grupo parece preparado para brilhar logo de cara. The Grace foge um pouco do que estamos acostumados no Indie atual. Diante de uma produção eletrônica expansiva, alcançando distintas inspirações, o grupo se sente muito livre para tatear diferentes estilos mas sempre com a viagem sonora em mente. Gold, Women & Wine tem uma pegada Hip Hop sem colocar um Rap em toda a sua composição. Pop de certa forma, a faixa absorve elementos da música negra como vocais alternados e letras hedonistas para criar um ótimo momento.

Aproximando muito mais de um eletrônico ensolarado, distante do Dubstep e Trap atuais, Troumaca é um ótimo acompanhamento lisérgico. Kingdom parece fadada a ser escutada no Sol enquanto a faixa com o nome da estrela, The Sun, é praticamente uma droga em formato sonoro. Lenta e cadenciada no seu início, chegando a ser quase um Reggae, vai crescendo a medida em que os redescobertos acordes sintetizados orientais típicos da década de 1980 são acrescentados. Em um certo ponto, toda lentidão é esquecida a ponto de a faixa ter um tempo característico de Drum & Bass, extremamente rápido. A viagem sonora está feita e, daqui em diante, só depende do ouvinte aproveitá-la da melhor forma.

Alguns momentos são mais sentimentais, como Ivory, faixa criada após a morte do avô do vocalista, Sam Baylis. No entanto, a letargia está sempre presente no som do grupo e, mesmo nos momentos mais tristes, a atmosfera criada é sempre expansiva e distante do drama. Layou, com toda a sua percussão e seus vocais sonhadores, pode ser considerada uma das grandes faixas do disco. Entretanto, a faixa título, guardada para o final acaba recebendo tal título. The Grace é Soul, R&B com excelentes adições de instrumentos de sopro sendo tocados à beira de uma praia transformando-se quase em um sinônimo de lazer.

Troumaca surge como uma das grandes surpresas do ano, um período extremamente voltado para a música psicodélica em suas mais diferentes formas. Pegando um apanhado de outros estilos e sabendo executá-los criativamente , The Grace é uma obra interessantíssima para quem estava procurando uma nova dose de música eletrônica, com belos vocais e clima ensolarado. Não que tais características sejam buscadas usualmente, no entanto, ao escutar a obra percebe-se que você precisava deste tipo de som e nem sabia, uma letargia longe da fatiga e extremamente hedonista.

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BOM PARA QUEM OUVE: Jagwar Ma, Alt-J, SBTRKT
ARTISTA: Troumaca

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.