Resenhas

Ty Segall – Emotional Mugger

Músico consegue manter a boa qualidade entre seus inúmeros lançamentos

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Ano: 2016
Selo: Drag City
# Faixas: 11
Estilos: Rock, Garage Rock, Lo-Fi
Duração: 38:08
Nota: 3.5

Tenho a impressão em que todas as resenhas que envolvem Ty Segall partem da mesma premissa, a saber, constatar o fato de que o músico é um dos workaholics mais prolíficos que temos em atividade. Ao mesmo tempo, avaliar o mesmo fato repetidas vezes parece perder o sentido para a análise de suas obras, uma vez que já se vão oito anos de atividade ininterrupta em sua carreira, dos quais, graças a um talento que mais parece uma fórmula mágica, observamos o nível de qualidade manter-se consideravelmente alto.

Todavia, o que podemos observar, portanto, é o seguinte: enquanto o músico se divide entre seus inúmeros lançamentos, sejam eles vindos de sua carreira solo (nosso caso, aqui), das bandas que participa como integrante (como Fuzz por exemplo) ou seja ciceroneando a produção de artistas mais novatos (vide o recente lançamento de Wand), as obras de Segall (muito provavelmente por conta das horas diárias investidas em seu trabalho) costumam ser bastante agrádaveis, embora seja díficil exigir delas uma experiência imersiva muito demorada.

O que eu quero dizer com isso é que a impressão que fica, no quadro geral de sua carreira, é que o músico é muito produtivo e lança muitos trabalhos com rapidez, e, por isso mesmo, a audição de seus trabalhos obedece, de certa forma, ao mesmo ritmo da produção.

Tendo isto em mente, vamos à Emotional Mugger. Em termos gerais, Segall consegue produzir mais um ótimo trabalho. Embora o artista faça uma tentativa de elaborar um álbum temático que critica, de certa forma, a banalidade emocional dos relacionamentos na era digital (é por isso que vemos tantos bebês chorões na divulgação deste álbum), não podemos esperar um olhar muito aprofundado sobre este tema aqui. Contudo, temos o que faz de melhor, um Rock de garagem lo-fi que saúda, de certa forma, um retorno elogioso às técnicas analógicas de gravação (vale lembrar que o álbum chegou a ser distribuido em fitas VHS).

Ao ouvir os destaques do trabalho, que estão nas faixas Diversion e Squealer Two facilmente conseguimos captar as guitarras rabiscadas e corroidas que o músico descreve nas descrições enigmáticas de seu press release, balanceado entre um pouco de niilismo corrosivo e um pouco de diversão despretensiosa. Ponto para Segall.

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BOM PARA QUEM OUVE: Wand, Fuzz, The Black Keys
ARTISTA: Ty Segall
MARCADORES: Garage Rock, Lo-Fi, Rock

Autor:

é músico e escreve sobre arte