Embora Manipulator, álbum anterior de Ty Segall (lançado há pouco ainda neste ano), dê sinais de que seu trabalho incessante está próximo de atestar a máxima “a prática leva a perfeição”, temos em $ingle$ 2 uma outra evidência: a de que o talento e a coerência artística não são necessariamente perenes.
Digo isso porque embora $ingle$ 2 seja, conforme o nome indica, uma coletânea de faixas que ficaram de fora dos álbuns Goodbye Bread (2011),Twins (2012) e Sleeper (2013), ele soa coeso como um álbum em si. Arriscado, porém justo dizer, que talvez até mais interessante que seus ótimos lançamentos anteriores, dada a falta de expectativa de conexão entre suas músicas.
Esta é a segunda coletânea de sua carreira. A primeira, compilava materiais lançados entre 2007 e 2010 e agora, como já dissemos, fica um breve panorama de 2011 até o presente. Um modo excelente de atestar a notável evolução de Ty Segall, mas também podemos ver – já que o músico não possui uma carreira tão longa assim – que a essência do Garage Rock apenas veio sendo trabalhada minuciosamente desde então, sem grandes saltos quânticos em sua sonoridade (mesmo com Sleeper, talvez o mais diferente entre os seus).
Além das faixas que ficaram de fora da produção dos álbuns anteriores temos alguns covers em $ingle$ 2, como Femme Fatale de The Velvet Underground, Cherry Red de The Ground Hogs e até Pettin’ the Dog do polêmico GG Allin (com um título alterado para um versão um pouco mais amigável). Se os fãs conseguirem acompanhar o ritmo do músico e forem tão hiperativos como ele, fica aqui uma excelente dica para aproveitar as férias e a produção do músico para fechar 2014.
