A onda do 3D anda tão forte ultimamente que até mesmo os músicos querem surfar nela e lançar sua obras neste “formato”. Na “vanguarda do movimento”, Ty Segall fez isso em seu mais novo EP, Mr. Face. Mesmo com a óbvia galhofa que circunda o tal “primeiro par de óculos 3D audíveis”, a obra em si é mais uma genuína “Ty Segall”, com os elementos já vistos em suas obras anteriores e os mesmos trejeitos que o trouxeram a ser quem é hoje.
A obra conta com quatro faixas que brincam naqueles terrenos já conhecidos para os fãs do músico, passeando pelo Rock de Garagem, pelas tendências Lo-Fi e muito da Psicodelia. Comparado a seus outros lançamentos, Mr. Face tem um pouco de sua fase mais acústica vista em Sleeper, assim como um experimentalismo alucinógeno de Hair, disco lançado em parceria com White Fence.
Se isoladas as músicas não ganham destaque, juntas formam um EP de grande coerência e que se fecha hermético em sua própria criação. São faixas que buscam timbres parecidos e orientações melódicas que casam bem entre si. O resultado é um disco, mesmo que assimétrico, que soa bem por seus treze minutos de duração. Mais uma vez, um bom trabalho vindo de um dos músicos mais produtivos de nossa geração.
O marketing por traz do lançamento me parece uma grande brincadeira, mais que uma real estratégia para impulsionar suas vendas. Ainda assim, a capa holográfica e os “efeitos 3D” do vínil devem de alguma forma amplificar o sentido psicodélico da obra quando se está sob o efeito de alucinógenos.
