Se reconstruindo como artista, V V Brown deixa de lado seu som retrô, regado de gêneros como R&B, Soul e Rock & Roll, para assumir uma sonoridade que brinca com o Avant Synth Pop e tendências da música eletrônica. Porém, se por um lado, Samson & Delilah é uma ruptura estilística com Traveling Like The Light, liricamente ele segue no mesmo processo criativo da inglesa que discorre sobre amor e perdas, agora sob a perspectiva dos personagens bíblicos que nomeiam o álbum, Sansão e Dalila.
Sob este plano de fundo, a cantora cindi com sua antiga proposta e já deixa isto bem claro com a faixa abertura Substitute for Love. Ela começa já com alguns sintetizadores e texturas doces que fazem a introdução para sua forte voz e para sua forma quase-teatral de representar sua s letras – algo que pode lembras as obras de Natasha Khan em seu Bat For Lashes. Letras como “I’ll be your drug, I’ll be your heroin / Put me inside your veins and let me in”, conduzem o misto entre melancolia e desespero que tomam conta de todo o álbum.
Culpa e introspecção estão por todos os lugares, muita vezes não só na lírica, mas na instrumentação densa gerada pelos timbres pesados de sintetizadores e as batidas escolhidas para cada faixas. A narrativa cheia de momentos marcantes gera no álbum faixas bem diversas, algumas orientadas a algo perto do Dub-Step (na claustrofóbica Igneous), o Synth Rock mais cru dos anos 80 (Nothing Really Matters), algo mais tribal (à la The Kinefe, em Samson) e diversos outros cada umas das doze faixas.
Ainda que consideravelmente menos Pop, sua nova obra se mostra ainda mais interessante que seu debut. Correndo o risco de polarizar seus fãs, V V se aventura por terrenos mais sombrios, porém realizado de forma brilhante pela moça e seu time de produtores. Certamente, Samson & Delilah é um grande passo na carreira da moça.