Resenhas

Wild Belle – Isles

A dissolução de timbres do Reggae em uma estrutura Pop segue uma proposta leve e sem qualquer motivação pedante

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Ano: 2013
Selo: Sony Music
# Faixas: 11
Estilos: Reggae, Afrobeat, Pysch Pop, Ska
Duração: 40:00
Nota: 4.0

Partindo da motivação de que cada canção é uma ilha particular, os irmãos Natallie e Elliot Bergman inauguram sua carreira musical com o disco que leva o tal nome Isles como condutor principal da ideia e a arte do disco com a pintura de sua mãe como referência familiar e homenagem à sua perda recente. Apesar dos conceitos sisudos e a arte ligada diretamente a um sentimento de ferida ainda aberta, o combo fraternal promove em suas composições um clima oposto a qualquer seriedade ou ambientação sisuda.

Wild Belle traz em suas criações um viés sonoro agradável e criativo ligado ao que se pode ser nomeado como desdobramento do gênero Reggae. Estruturado no típico groove recheado de metais e rumos frequentemente tomados pelo Ska, o casal se esquiva de forma ágil, agregando demais influências diferenciadas que são notadas no decorrer do trabalho. Natallie carrega em si uma essência vocal que facilmente se associa a nomes como Lily Allen, Duffy e Alex Winston em diferentes momentos de suas carreiras. No entanto, a jovem se diferencia exatamente por arriscar-se em algo que as citadas não se atreveram, como é possível notar nas marcantes Keep You, It’s Too Late e Backslider. Já em outros momentos, a assimilação é direta: Take Me Away e Shine poderiam facilmente ter sido escritas para o aguardado retorno de Allen ou Winston, no entanto resta saber se a inglesa toparia os vocais dobrados, o Dub em longa escala e o ritmo mais desacelerado que seu costumeiro. Já Another Girl reacende um passado pelo qual Adele e Duffy poderiam fazer parte numa versão acústica.

O trabalho do duo de Chicago pode facilmente ser uma boa referência futura para uma ampliação ainda mais vasta do Reggae, que mostra aqui seus timbres diluídos em condições plenamentes voltadas a um Pop leve e que conduziria facilmente uma festa adolescente a beira da praia pela noite e atualizaria o repertório batido do violão em frente a fogueira para ideais mais contemporâneos e refrescantes. Segundo os próprios, referências culturais direcionadas a lugares como África, Jamaica e Hawaii podem ser notadas em canções como Twisted, June e Love Like This, que traz as melodias em maior destaque pelo arranjo mais simples e descomplicado.

Apesar de conceber na teoria que diferentes histórias vem contadas através de cada música, em linhas melódicas, a estreia de Wild Belle vem amarrada e redonda. Sem qualquer pretensão de soar ou representar o início de uma uma nova era para o Reggae, abrindo mão de qualquer prefixo Neo ou Post, a diversão e o good feeling são os quesitos a serem levado em conta por aqui. Se o tal fardo estilístico vier com o tempo ou com sua maior difusão, é um assunto que deve ficar pra depois.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Skatalites, Lily Allen, Alex Winston
ARTISTA: Wild Belle

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.