Resenhas

Wild Nothing – Life Of Pause

Novo trabalho de Jack Tantum simboliza momento benéfico em sua carreira

Loading

Ano: 2016
Selo: Captured Tracks
# Faixas: 11
Estilos: Dream Pop, New Wave, Synthwave
Duração: 49:38
Nota: 3.5
Produção: Thom Monahan
Itunes: https://geo.itunes.apple.com/us/album/life-of-pause/id1059854422

Se há alguma banda que entende profundamente o significado do Dream Pop, esta é Wild Nothing. Encabeçado pelo produtor e músico Jack Tantum, o projeto sempre se mostrou disposto a trazer cartas novas para a mesa deste gênero, que nos últimos anos tem se revelado um ninho de preguiças ambulantes. Principalmente no disco Nocturne, percebemos que a ambição de Jack é grande, e tanto a produção quantos os arranjos de suas composições demonstravam um cuidado cauteloso para com sua obra, dessa forma aproveitando os melhores elementos da estética sem que para isso caísse em clichês desnecessários e repetitivos. É interessante perceber como Wild Nothing não teme andar nesta corda bamba, na qual um pequeno deslize pode fazer suas composições caírem na mais profunda redundância e irrevelância. Então, como este ótimo produtor poderia tomar um passo a frente que ao mesmo tempo o fizesse continuar seguindo em frente mas com cautela?

Life Of Pause é um trabalho que pode se gabar de sua versatilidade. Embora todas as faixas possuam esse aspecto/ambientação dreamy, cada qual tem um encanto próprio, seja com arranjos mais Pop (Lady Pop) ou com sonorizações que beiram o Psicodélico (To Know You). É engraçado que as onze músicas são misturas diferentes dos mesmos elementos: guitarras reverberadas, sintetizadores típicos dos anos 1980, baterias secas e linhas melódicas que ressaltam uma face bastante Indie “não tô nem aí”. O que tinha para ser um disco constante revela-se bastante heterogêneo, provando que um número finito de elementos musicais pode gerar infinitas variações. Mas até aí, nada de novo, já que seus últimos dos trabalhos também exploravam esta dinâmica. Então, algo realmente mudou para Jack Tantum?

O grande acerto e sacada deste trabalho é mudar a natureza e o espaço/tempo dos sons explorados. Se em Nocturne tinhamos referências mais anos 90 e modernas, agora o destaque vai todo para década do neon. Os anos 80 foram diversos e é justamente isso que Wild Nothing quer nos mostrar no disco, por meio de uma simplificação da quantidade de instrumentos usados, mas também uma elaboração maior de arranjos e personalidade para cada canção. É algo bem parecido com o que Alan Palomo fez no novo disco de Neon Indian, tão parecido que em alguns momentos chegamos a acreditar que estamos ouvindo um lado-B deste projeto, algo que pode ser visto tanto como um elogio quanto um dos poucos defeitos do disco.

Wild Nothing prossegue em linha reta. Não anda tanto quanto poderia, mas, de qualquer forma não permanece estático e dá uma nova cara a seu projeto. É um disco que reforça a qualidade de Jack Tantum enquanto produtor e compositor, que não permanece passivo diantes das mudanças no mundo da música, mas também respeita o seu passado, forjando uma identidade visual sólida e coesa.

Um trabalho que vive à sombra de seu antecessor, mas que mostra significativas evoluções pessoais.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: DIIV, Neon Indian, Bombay Bicycle Club
ARTISTA: Wild Nothing

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique