Resenhas

Willis Earl Beal – A Place That Doesn’t Exist EP

Entre o Blues e o Folk, músico de Chicago segue por caminho sombrio e denso

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Ano: 2014
Selo: Independente
# Faixas: 8
Estilos: Blues Rock, Folk Rock, Jazz
Nota: 3.0

Inquietude, personalidade forte e inovação talvez sejam os termos que melhor descrevam Willis Earl Beal e seu trabalho musical que teve início poucos anos atrás. De 2012 para 2013, o músico de Chicago compilou canções e adaptou o Lo-Fi com o seu crescimento e aprimoramento. O que antes era estrutura, tornou-se mais bem acabado e ocupando o lugar apenas de estética, propositalmente mais caseira e “desgastada”, por assim dizer.

A postura de Willis é tão forte que representa muito da atitude e das composições do cantor através de sua breve carreira. O músico brada por aí que não se importa em estar com gente do meio musical, e as vezes até odeia. Faz o que faz porque gosta e prefere muito mais ser considerado como o cara que consegue apagar o cigarro na língua sem resmungar do que como “o novo Tom Waits negro”, como contou ao site Pitchfork.

A desorganização sombria de Beal vem agora através do EP A Place That Doesn’t Exist, que reforça o ideal do vocalista em não deixar subir à cabeça o glamour aparente de ser um artista. As composições vieram como um rápido remédio a quem esperava pela turnê do jovem rapaz pela Europa e que veio a ser cancelada sem motivos especificados, levando a crer uma pressão direta de seu selo vigente, XL Recordings.

Se os pontos altos do disco ocorrem em Times of Gold e Babble On, o restante segue em linha reta e sem causar muita diferenciação entre as faixas. Mesmo trazendo pra perto uma boa lembrança de trabalhos ousados, como os de Nick Cave e Daughn Gibson, e até mesmo as referências de Waits e Bob Dylan, faz falta a presença de singles realmente marcantes e que não deixem o trabalho estigmado como uma compilação de última hora reaproveitando oito das tais 100 canções prontas que Beal tanto conta em entrevistas.

O terceiro trabalho de Willis Earl vem de certa forma como uma síntese, uma pincelada de quase tudo que lançou – a performance mais rústica entre o Soul, o Folk e o Jazz se une a uma produção bem equalizada percorrendo pelos tais gêneros em ideais sonoros ainda mais densos. Apesar de fazer um bom trabalho musical e sair da curva de obviedade de suas “inspirações-base”, Willis parece ter apenas esticado uma ponte para que seus fãs percorram até que um novo álbum de estúdio nasça envolvido de fato por um conceito e uma narrativa que faça mais sentido.

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Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.