O dicionário define “mellifluous” como “o que flui de forma doce” ou “adoçado com mel”. No caso do pequeno EP de Willow Smith (ou Willough, como ela tem assinado), o termo significa a relação que ela estabeleceu entre sua voz e a guitarra – base escolhida para as três faixas que compõem o pequeno disco.
Mellifluous distancia-se ainda mais do Pop com o qual a caçula do clã Smith surgiu há mais de seis anos e traz uma ambientação enraizada na herança que o Soul e R&B deixou na música contemporânea, explorada por um vocal ora meloso, ora nervoso e o timbre de guitarra tão característico de vertentes do Indie e do Rock Alternativo.
É algo como se peneirasse o primeiro disco de Lianne La Havas e ficasse apenas com seu lado mais torto e dissonante para vocalizar os pensamentos tempestuosos da adolescente (“I wanna know/Yes, I wanna know/Why my mind’s so desperate”, como ela canta em Need to Know).
Em meio a isso, há sim a doçura presente principalmente em sua interpretação – e sua voz nunca esteve tão bonita -, um aspecto que se revela em meio a uma ambientação minimalista que valoriza seus versos. É um anti-Pop bastante agradável que ajuda a estabelecer Willow como um dos ícones estéticos de sua geração.
(Mellifluous em uma faixa: Need to Know)