Caracterizar uma musica como psicodélica eh um exercício intenso de abstração. O que tira uma pessoa de seu estado de consciência normal a partir de uma exposição externa pode não ser compartilhado por outras pessoas. No entanto, existem alguns fatores na musica que podem proporcionar este escapismo e a sensação de viagem parada, algo que o Wooden Shjips faz com maestria.
A formula eh bem básica: pegue os elementos que fizeram do Rock Psicodélico um fenômeno na década de 1960, una os a um pouco de modernismo e voilá, temos um disco, Back To Land capaz de transformar o ouvinte. Entre as oito viagens com temáticas distintas, temos um fator comum: a hipnose provocada pela exaustão de instrumentos. Repetidos e mantidos no mesmo o volume, guitarras, baterias e sintetizadores servem como base para uma voz em delay que joga o ouvinte de lado a outro.
O estado de transe realiza-se nas ótimas faixas de abertura, Back To Land, Ruins e Ghouls. A primeira eh uma road trip pelo deserto com o sol rachando na cabeça enquanto os riffs de guitarra proporcionam um leve sorriso no rosto. Enquanto a segunda abusa de um baixo pendular sufocante e que espera um momento de explosão. A ultima tem uma bater um dos momentos que expressam mais felicidade na obra toda.
Algo entre toda a psicodelia acaba incomodando aos poucos. Sem se mostrar desinteressante mas ainda sim repetitivo em sua formula, o disco acaba se tornando um belo acompanhamento sem compromisso. Escutando no shuffle ou em seqüência chega a ser indiferente pois as faixas no encontram uniam entre si, a não ser no transe oferecido. O entretenimento eh efetivo em In The Roses, Rockabilly viajante ou na militar Other Stars.
Entretanto, as musicas só muito parecidas entre si o que dificulta um pouco a percepção da obra como um todo. Ao final, o grande bloco psicodélico acaba se restringindo a mesma formula e temos sempre a mesma expectativa em relação ao climax das faixas aqui – hipnose, repetição ate um solo surge no meio para colorir toda a letargia. Longe de ser ruim mas pouco abrangente, Back to Land acaba sendo melhor aproveitado se escutado pontualmente, no meio de sua playlist, do que como disco. A viagem, independente de sua forma, no entanto, está garantida para qualquer um que se deparar com esse psicodélico quarteto.