Black Terry Cat tem cara de primeiro álbum, e não digo isso porque não havia ouvido nada de Xenia Rubinos antes, mas por um certo carinho na produção, uma empolgação de estar em estúdio que a maturidade costuma esfriar.
Pode ter a ver com a questão da cantora ser uma minoria em dobro – mulher e latina -, daí a alegria de ter mais uma chance de gravar um disco autoral ficar transparecida nas músicas, ou talvez porque ela soube amadurecer como artista sem perder sua paixão inicial pela linguagem musical. A questão é que Black Terry Cat possui um frescor interessante, ainda que não seja o mais atraente dos álbuns à primeira vista.
Isso acontece porque ele tem uma cara de jam, de um registro de um ensaio entre bons músicos fazendo R&B e Soul com alma de Jazz, e o ouvinte se percebe meio intruso no meio dessa situação. A ambientação da obra – você consegue sentir a disposição espacial dos instrumentos no local se escutá-la com fones de ouvido – é de um intimismo que chega a ser intimidador.
Quebrada essa barreira, o que fica é o tal frescor e carinho com que Xenia trabalhou suas músicas, com arranjos bem trabalhados e influências latinas sem precisar carregar estereótipos em seu som. Há espaço para See Them vir carregada de elementos eletrônicos, Laugh Clown vir com momentos minimalistas que valorizam a letra e Mexican Chef equilibrar magistralmente seu suíngue com seu bom humor.
Xenia Rubinos mostra o controle detalhista que tem sobre a qualidade de seu trabalho, de forma que isso esteja à frente do carinho já mencionado com que ela entrega Black Terry Cat. É na junção das duas características que encontramos o maior valor da obra.
(Black Terry Cat em uma faixa: Lonely Lover)
