Resenhas

Young The Giant – Mirror Master

Quarto disco do grupo norte-americano traz autorreferências e Pop divertido

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Ano: 2018
Selo: Elektra
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock, Rock Alternativo, Pop
Nota: 3.5
Produção: Alex Salibian

Tentar categorizar o som de Young The Giant pode aparentar ser uma tarefa fácil, mas, à medida que destrinchamos sua discografia, percebemos que estamos diante de uma sonoridade bastante rica. Muitas vezes enquadrado sob o genérico escopo do Indie Rock ou do Alternativo, é claro que o quinteto norte-americano tem um apelo Pop bem forte e, por vezes, isto rendeu colocações privilegiadas nos rankings da Billboard e afins. Mas ainda há aquele encanto, aquele trechinho entre um refrão chiclete e um arranjo radiofônico que nos encanta, mesmo que não saibamos exatamente do que ele é composto. Chegando ao seu quarto disco estúdio, ainda não temos certeza da matriz deste misterioso sentimento envolvido nessas composições, mas sabemos que ele certamente se encontra presente, mesmo depois de tantos discos.

Mirror Master é um paradoxo. O espelho citado parece estar claro quando percebemos uma similaridade com os dois primeiros discos do grupo, respectivamente Young The Giant (2011) e Mind Over Matter (2014). Mas parece que este espelho não é um reflexo realista do tempo em que aqueles registros foram lançados, mas uma distorção (ou uma transposição) daquele sentimento para os dias de hoje. As coisas aqui soam maiores e menos ingênuas, cedendo menos aos apelos Pop e mais à subjetividade de cada integrante, revelando-se assim, um grande caldeirão de referências. Assim, o trabalho traduz uma habilidosa estratégia de tentar dosar inovação e tradição, atingindo tanto o público assíduo de discos passados como entusiastas da nova fase do grupo (pós-Home Of The Strange).

Superposition traz clara a influência de um Pop distorcido por sintetizadores, sendo uma escolha certeira para abrir um disco de tantos contrastes e harmonias improváveis. Mais branda, Call Me Back apela para um sentimento romântico dos anos 1980 aliada àquele refrão caprichado nas melodias viciantes e aos pads que sustentam parte do ambiente etéreo construído. Brother’s Keeper poderia facilmente ser incluída no segundo disco do grupo, pelo constraste entre o dançante e o espiritual, colocando lado a lado batidas divertidas e reverbs envolventes. Panoramic Girl é mais fantasmagórica com seus timbres, mas não só não assusta o ouvinte, como o seduz com sua simplicidade bastante cativante. A faixa que dá nome ao registro também o encerra em um Indie Rock acelerado e de baixos distorcidos deixando o ouvinte com a sensação de querer mais.

Temos assim um registro que é mais planejado que seu antecessor e que não nega que seus antecessores são referências direta para construção desse som. Revisitando o passado de uma forma saudável, o grupo nos convida para mais uma vez para uma divertida aventura cheia de mistério. Um disco certo de si e cuja certeza nos envolve de uma forma positiva.

(Mirror Master em uma faixa: Superposition)

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique