Resenhas

Zé Vito & Os Lúpulos: Espelho

Sonoridade caipira encontra seu espaço dentro da musicalidade do artista

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 9
Estilos: Folk, Blues
Duração: 34:10
Nota: 4.0
Produção: Zé Vito

A constatação é óbvia, mas não por isso deixa de ser valiosa: quanto mais o tempo passa, mais alguém se conhece, o que não siginigica apenas conseguir extrair significados de experiências, mas também reconhecer elementos fundamentais de formação de personalidade e, se necessário, recuperar alguns que caíram pelo caminho.

Dois discos de distância do seu começo de carreira, Zé Vito até então explorou um terreno que abrangia Rock e MPB, com letras bem humoradas e de poesia leve que se apoiavam em uma voz tranquila e dosada de forma inteligente. As características continuam uma constante aqui, com o acréscimo de uma mudança considerável de direção que coloca Espelho em um rumo bastante interessante musicalmente, alcançando um “Folkaipira” (seria a viola caipira nosso banjo?) que consegue utilizar suas referências de forma celebrativa e a favor das composições, e também elaborar uma sonoridade muito própria – algo de grande valor musical.

Vito é de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tendo a influência da música caipira como algo natural, como a música que toca em casa e a gente nem sabe que está formando gostos e referências elementais. A impressão de infância ficou e resistiu à sua vida no Rio de Janeiro, que no bumerangue da vida, influencia sua música com uma brisa praiana que se encontra muitas vezes nas notas do violão.

Os Lúpulos, a banda que o acompanha, surgiu pela necessecidade do álbum de atingir este novo som. Eles são formados por Pedro Costa – que divide a viola caipira, o violão e o bandolim -, Jayme Monsanto no baixo e Ricardo Rito entre a sanfona e o piano. De coração acústico, o álbum foi gravado de forma caseira, “com poucos microfones, muito amor e dedicação”, como define Vito.

Descompromissado e pessoal, são nestes adjetivos que mora a verdadeira beleza de Espelho, que come quieto e pelas beiradas; e quando você vê, escutou duas vezes ou mais. São sons que não chegam aos nossos ouvidos todos os dias, ainda mais na mistura em que são entregues. Bonito na simplicidade, esperto nas escolhas.

(Espelho em uma música: Quando Estou)

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BOM PARA QUEM OUVE: Falso Coral, Monoclub
MARCADORES: Resenha

Autor:

Videomaker, ator e Jedi