Resenhas

Zedd – Clarity

As dez faixas do álbum de lançamento do produtor alemão tentam provar versatibilidade, mas caem no previsível com overdose do comercial

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Ano: 2012
Selo: Interscope Records
# Faixas: 10
Estilos: Electro, House, Dance
Duração: 45:30
Nota: 3.0
Produção: Zedd

Anton Zaslavski talvez seja o produtor que tenha maior identidade entre os últimos da cena EDM. Não reconheceu o nome? Há um ano que seu codinome Zedd tem aparecido cada vez mais com remixes pesados a faixas, em sua maioria, comerciais. Desde The Time, do Black Eyed Peas, ou Marry The Night, da Lady Gaga, seu trabalho ficou reconhecido não só pelo talento, mas pelo dedo que o alemão bota em suas produções que torna sua música reconhecível, mesmo que de longe. Já foi comentado aqui, inclusive, que Zedd trabalhará com Gaga em seu próximo álbum, ARTPOP.

E foi no meio de toda essa confiança e segurança, que o DJ liberou seu álbum de lançamento, intitulado Clarity. Com dez faixas, Zedd mostra um pouco da linha que pretende seguir, sem deixar sua assinatura pra trás. Dentre essas, duas já são de conhecimento público: Spectrum e Shave it, além da Stache, que foi a base escolhida pela Lady Gaga para a faixa colaborativa com Zedd.

O álbum começa justamente com Spectrum, trazendo Matthew Koma nos vocais e uma base marcada no Dubstep disfarçado de Electro House. Em seguida, Lost at Sea vem com a voz de Ryan Tedder, o incrível vocalista da banda One Republic, uma surpresa até então bastante positiva. A faixa brinca com samples típicos do Daft Punk, ou seja, abusa dos sintetizadores e faz uso de notas macias de piano. Foxes empresta seu talento ao cantar a música que dá nome ao álbum, além de uma pequena ajuda do amigo e produtor Porter Robinson. Aqui, o comercial se esbanja em uma música que não agride quem não é fã do EDM.

Codec é a quarta faixa do álbum e mostra seis minutos de uma base mais rasgada de Electro, sem letra e uso de samples cortados de vocais. Logo depois, temos Stache, a primeira faixa que dá pra ver, de fato, o que tirou Zedd do anonimato. A melhor música do álbum traz uma mistura de Electro House marcado com pitadas de Deep em um segundo drop memorável. Quem já ouviu a versão com a cantora Lady Gaga sente falta dos vocais aqui, que casaram tão bem. Em seguida, Fall Into the Sky já inicia com a voz macia da menina de ouro do Skrillex, Ellie Goulding. Quem inicia a canção com toda a delicadeza da cantora, nunca imagina que teria uma progressão tão esticada para um drop inusitado dutch EDM. Buzinas e samples de hip hop causam uma incoerência enorme com o que Goulding apresenta.

Follow You Down vem com Bright Lights com mais uma faixa em caráter comercial que passa despercebida. Epos é a única música 100% instrumental. Traz consigo um drop Electro House e um segundo com seu padrão de assinatura em base marcada de Electro. Hourglass traz samples de relógio e um piano tranquilo, em seu início quase levando a uma faixa completamente fora do comum, uma delícia tranquila pra provar a versatibilidade do produtor. A voz de Liz ajuda na sutileza da música que acompanha em sua base a bateria inglesa até, inconvenientemente, no segundo minuto, trazer um breakdown também incoerente. Shave it Up vem para encerrar Clarity em uma roupagem nova de Shave it. Zedd preferiu terminar o álbum mostrando o que ele sabe fazer de melhor: uma surra de batidas e uso de synths comerciais. Tudo isso com um desfecho em violinos.

Zaslavski mostrou a neutralidade com Clarity. É uma obra de Electro que proporciona apenas uma vertente do gênero. Não é comum um produtor de EDM produzir um álbum desses, é um trabalho de singles que sempre deu certo. Zedd quis provar algo a mais. Uma coisa é indiscutível: o produtor prospectou um time incrível de colaboradores, porém seu trabalho deixou a desejar. Não na qualidade, que está impecável, mas talvez na falta de identidade.

Um produtor que venceu no EDM, construiu seu nome a partir de uma bassline pesada, hoje tenta confirmar sua versatibilidade com faixas comerciais. Impossível não comparar a maioria com o que já conhecemos de David Guetta ou do grande Deadmau5. Visto que seu nome circula os maiores festivais alternativos de música, onde tudo pode acontecer, é no mínimo frustrante dar de cara com um álbum de lançamento tão popular. É válido lembrar que o comercial precisa de espaço em qualquer trabalho e quem nem somente de EDM se faz um álbum, porém aqui ele conseguiu doses além da necessidade.

Clarity se mostrou criativo e caiu na previsibilidade. Isso sem contar na quantidade de misturas incoerentes, desde bases poluídas para intérpretes que pedem o contrário até faixas que não trazem unicidade alguma. A fim de cativar mais ouvintes ou ter maior espaço nas rádios, Zedd deixa a desejar e libera um material que não passa do adjetivo “morno”. Se sua intenção se realizará, eu não sei, mas posso ter certeza que existe muito mais do Zedd do que a confusão que Clarity pôde proporcionar.

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BOM PARA QUEM OUVE: Deadmau5, David Guetta, Calvin Harris
ARTISTA: Zedd
MARCADORES: Dance, Electro House, House

Autor:

Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King