Cee Lo Green – Sónar SP 2012

Em apresentação morna e sem muitos pontos altos, o músico e sua banda não souberam trazer aos palcos a energia de seu trabalho em estúdio

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Nota: 2.5

Estava ansioso pelo show de Cee Lo Green no Sónar São Paulo. Em um festival com um dos line ups mais coerentes e diferenciados que já passaram pelo nosso país, o cantor, para muitos, havia sido um tiro torto da curadoria e para outros, como eu, uma excelente aposta que supreenderia todo mundo. Não sei qual dos dois estava mais certo, pois ao mesmo tempo em que acreditar em um ótimo show não era uma bobagem, já que Cee Lo é conhecidamente um showman nato, o americano fez uma performance morna para um público escasso, se comparado ao do Justice que veio em seguida.

Nitidamente muito animado, Cee Lo entrou no palco de braços levantados e saudando o público brasileiro, que respondeu calorosamente como de costume. Bright Lights Bigger City abriu muito bem a apresentação, mantendo a promessa de um show dançante e contagiante. Mas, infelizmente, a partir daí o nível foi caindo bastante.

Em seguida, vieram outras faixas de seu álbum solo The Lady Killer, estas muito pouco conhecidas pela plateia, o que fez com que muitos aproveitassem para buscar mais uma cerveja, fumar ou checar o celular. Para mim, o ponto mais baixo da noite, no qual percebi que minhas expectativas não seriam cumpridas, foi quando o cantor disse o quanto o Hip Hop foi importante para o início de sua carreira e chamou três amigos rappers (companheiros do Goodie Mob) que, apesar de talentosos, destoaram completamente do restante do show.

Após 3 ou 4 músicas (era difícil distinguir quando acabava uma e começava outra), Cee Lo deu esperanças de que o show começaria enfim, anunciando que tocaria algo de seu excelente projeto Gnarls Barkley, parceria com o DJ e produtor Danger Mouse. A escolhida foi obviamente Crazy, um dos grandes hits da década passada, que veio em versão mais grandiosa, com destaque para as backing vocals, mas que deixou a música bem menos dançante e animada do que a versão de estúdio.

Entre cada música, Cee Lo contava uma breve história – o que no começo foi interessante, mas conforme mais canções iam passando, a sensação que ficava era de pouca música e muita conversa. Aos poucos, o público foi deixando o espaço do SónarClub, o que fez com que seu último grande sucesso Fuck You fosse tocado para um número menor de pessoas, mas que cantaram o refrão com todas as forças, fazendo deste, talvez, um dos pontos legais da apresentação.

Mas algo soava estranho não só em Fuck You, mas em todas as músicas. O cantor, apesar de cansado, manteve sua voz em um nível para poucos, porém a banda e as vozes de apoio pareceram não saber traduzir a energia das gravações para os palcos. Algumas canções só eram possíveis de se reconhecer quando entrava a voz de Cee Lo.

Alguns poucos fãs de Justice, que já aguardavam à beira do palco, se divertiram, mas o clima foi de um show morno, abaixo de qualquer expectativa. A esta altura, alguns boatos já me alcançavam de que o Mogwai estava fazendo um dos melhores shows do festival no auditório SónarHall e o arrependimento só ficava maior a cada segundo.

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ARTISTA: Cee Lo Green
MARCADORES: Sónar SP 2012

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.