Clarice Falcão – Auditório Ibirapuera, SP

Público paulistano vibra com bom humor e delicadeza ensaiada da flexível pernambucana de sotaque carioca

Loading

Fotos: Fernando Galassi/Monkeybuzz
Nota: 3.5

Depois de lotar a sessão extra das 19h, o público misto de jovens e idosos recheava as cadeiras do Auditório Ibirapuera para o show das 21h. Impreterivelmente no horário, a casa deu seu último sinal e anúncia a entrada da pernambucana radicada no Rio de Janeiro a público, que a ovacionava antes mesmo de entrar. Um telão ao fundo emulava uma forte chuva e trovoadas enquanto o palco permanecia escurecido. Um lance de luz direcionado revela Clarice Falcão munida de capa brilhante e guarda-chuva e o público se anima ainda mais, mas logo se cala para ouvir as três primeiras faixas de abertura Eu Esqueci Você, O Que Eu Bebi e Um Só ainda em caráter teatral e quase recluso, previamente ensaiado pelo lado atriz da cantora.

Tudo novamente se escureceu e em pouco tempo o spot volta a Falcão, dessa vez vestida em tons brancos, com uma coroa de flores e esboçando um ar tímido e sorridente, arrematando a ideia já marcada por uma parcela do público que a associa diretamente a Zooey Deschanel, do duo She & Him. Depois de finalizar De Todos Os Loucos Do Mundo, Clarice mostra um texto no qual fala sobre seu nervosismo e a quantidade de remédios e aditivos que supostamente tomou pra estar ali, tirando algumas risadas da plateia. A acústica do ambiente não poderia cair melhor com as seguintes Eu Me Lembro (que teve SILVA substituído pelo seu primo e integrante de banda, Rico Viana) e Fred Astaire, que foi apresentada em versão meio-a-meio: parte português e a outra em inglês. A tal faixa que tinha sido composta só em língua estrangeira foi adaptada para nosso idioma local, e não traz ao certo uma ligação do título com a letra em si; mais um motivo para Clarice tirar sarro de si mesma e fazer o público sorrir.

A partir daí, canções fora de Monomania foram apresentadas para surpresa de quem não estava inteirado do repertório da atriz: Australia (faixa autoral de seu curta, Laços); uma de seu pai João Falcão, Dona da História; e um pouco depois a exclusiva criada para o “web-programa” Porta Dos Fundos, Essa É Pra Você, que satiriza Gregório Duvivier enquanto namorado da própria. Com vocais a serem ainda amadurecidos, a intérprete entretém e forma mesmo seu público mais pela sua versatilidade e combo de habilidades do que por um talento nato e afiado.

Antes do Bis, a musicista faz questão de ressaltar que deveria voltar de qualquer maneira a palco e traduzir de maneira cômica e irônica o processo de ida e volta da banda. Ao sair da frente do microfone, boa parte dos fãs saiu dos assentos e colou-se a beira do palco cantando junto a Clarice as derradeiras Capitão Gancho, Monomania e A Gente Voltou.

Imagens: Fernando Galassi

Loading

MARCADORES: Show

Autor:

Jornalista por formação, fotógrafo sazonal e aventureiro no design gráfico.