Coala Festival – Memorial da América Latina, SP

Selton, Mustache e os Apaches e Otto foram os destaques da segunda edição do festival

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Fotos: Foto por Liliane Callegari
Nota: 3.5

O Coala Festival chegou à sua segunda edição em meio a indecisão climática de São Paulo, boas apresentações e um efeito dominó de atrasos. Com uma estrutura que soube aproveitar bem o espaço do Memorial da América Latina (sem contar a facilidade de mobilidade para chegar e sair do festival), o evento trouxe uma praça de alimentação bem variada e uma ampla área para interação dos presentes.

O quarteto Selton subiu ao palco às 14:30 e comandou uma divertida festa de despedida ao álbum Saudade, lançado em 2013. Grande parte das músicas tocadas no show vieram dessa obra e renderam bons momentos para quem chegou cedo, mesmo com o público ainda meio tímido – e que começou a se empolgar e dançar de verdade somente nas últimas três músicas do set. Across the Sea, Drunken Sunhine e Qui Nem Giló (Saudade) marcaram os pontos altos da primeira parte da apresentação do grupo.

A segunda, chegando mais ao fim do show, foi marcada pela música Eu Quero Mudar, em que o baterista Daniel Plentz assume a guitarra e os vocais. Seguindo o ritual de ir ao público e chamar um dos presentes a subir ao palco, o músico caiu quando foi pular a grade, um tombo que não o atrapalhou para resgatar alguém da plateia e dar sequência à apresentação. Além deste, outro momento de destaque foi a faixa nova, que os músicos chamaram de Cemitério de Elefantes, tocada pela primeira vez ao vivo. Ela segue o clima lírico de Saudade, mostrando quase a caricatura de um personagem que se questiona o que está fazendo de sua vida. A canção estará presente no próximo álbum do quarteto, que já está em processo de gravação.

Davida entrou logo na sequência e começou seu set incrivelmente variado, indo da Música Latina ao Hip Hop em algumas poucas transições, passando ainda pelo Samba, Reggae, Trap, Dancehall e mais uma variedade de outros estilos. Com uma combinação divertida e muito dançante, o DJ empolgou o público a criar suas próprias coreografias em baixo do palco. Para quem só assistia, os telões se tornaram outro ponto interessante da apresentação. Através de colagens de filmes, desenhos e comerciais, o vídeo prendia a atenção de quem olhava, criando uma sequência nosense entre os pequenos trechos.

Se o começo foi pontual, o restante do dia não seguiu muito bem o cronograma apresentado pela organização. Mustache e os Apaches, que tocaria logo na sequência, teve problemas com o equipamento, resultando em um atraso de mais de meia hora. O DJ anterior continuava soltando suas músicas, porém algum instrumento que estava sendo plugado criava algum ruído a todo momento.

Durante os primeiros 20 minutos de apresentação, a banda lutou com o som para criar uma apresentação minimamente empolgante. Mesmo com músicas conhecidas de seu primeiro álbum, o grupo não conseguia passar aquela energia seja do próprio registro ou de suas apresentações na rua. Conforme o som foi melhorando, a empolgação do público também aumentou e, chegando à reta final do show, com seus problemas sanados, finalmente pudemos ver o Mustache e os Apaches de sempre.

No set, não faltaram as faixas Nega Lilu, Chuva Ácida, Come To Sing Whith Us, Mambo Jambo e encerramento com Twang. A banda não saiu antes de agradecer o público e aquele pessoal das coreografias, dizendo que o “show de verdade estava ali em baixo”.

O efeito dominó dos atrasos prejudicou a apresentação de Psilosamples, que teve de tocar enquanto a banda que tocaria em seguida montava e testava seus instrumentos. Em meio a uma grande confusão sonora, mal se ouvia as faixas do produtor. Uma pena.

Otto, com quase uma hora de atraso, comandou um dos melhores shows da noite. Em meio à chuva intermitente, o músico animou seu público com faixas de seu mais novo álbum, The Moon 1111 (2012), como Exu Parede e O Que Dirá o Mundo. Toda a energia do músico era canalizada nas canções, todas tocadas com grande entrega e rendendo ótimos momentos.

Antes do show terminar, o produtor Daniel Ganjaman subiu ao palco e sentou-se aos teclados para tocar algumas das últimas faixas, incluindo uma homenagem a Chico Science, com a clássica Da Lama Ao Caos. Um ótimo show para encerrar a cobertura Monkeybuzz do festival, que ainda teve nomes como Bixiga 70 e Marcelo D2 se apresentando.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts