Dirty Projectors – Pitchfork Music Festival 2012

Banda faz lindo show comandado pelo brilhantismo de David Longstreth e Amber Coffman, acompanhados de excelentes músicos

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Fotos: Monkeybuzz
Nota: 5.0

Diferente das demais bandas até então, o Dirty Projectors não estava no palco quando cheguei, por isso consegui presenciar a grande empolgação da plateia que aguardava por uma das principais atrações da tarde. Com sua formação democrática de três homens e três mulheres, a banda entrou no palco ao som de um Reggae, ritmo que claramente influenciou parte do trabalho da banda, mesmo que muito misturado com inúmeras outras referências.

Ao abrir o show com Offspring Are Blank e mandar na sequência mais duas do novo álbum, deu para perceber que a banda pretendia apresentar ao público seu novo e sexto trabalho, Swing Lo Magellan. Diferente do que estou acostumado a ver no Brasil, todo mundo curtiu muito e apoiou a banda, sem pedidos desesperados por tocar alguma das antigas.

Desde o início, foi possível perceber a liderança que o vocalista e cabeça da banda David Longstreth exerce, cantando afinadamente, dedilhando a guitarra como poucos e se orgulhando de cada acorde tocado por seus companheiros. Em entrevista recente ao Pitchfork, ele revelou que as letras do novo disco são muito pessoais e em certos momentos era possível perceber um desconforto em compartilhar aquilo com tantas pessoas. Manias que só alguns pequenos gênios incompreendidos da música possuem.

Após algumas primeiras músicas cantadas por David, alguns dos pontos mais altos da apresentação vieram da voz doce e Pop de Amber Coffman, que intercalada com os timbres exóticos do vocalista, deixam o som do Dirty Projectors mais complexo, mas ao mesmo tempo mais abrangente, agradando aos mais diversos gostos. Outro bom ponto a se observar é o excelente baterista Mike Johnson que entrou neste novo disco substituindo Brian McOmber que deixou a banda há pouco tempo.

Minha impressão foi a de ser um show muito comtemplativo, em que os fãs passam muito tempo observando, incrédulos, cada momento da linda apresentação. Além de excelentes instrumentistas, um casal de afinadíssimos vocalistas e backing vocals com um charme à parte, alguns efeitos usados nas vozes durante as músicas dão um ar ainda mais fantástico à impecável apresentação. Entre alguns momentos de adoração, a banda toca alguns hits que fazem todos dançarem e cantarem como se não houvesse amanhã.

Entre as faixas escolhidas para o setlist, destaque para a linda e longa Useful Chamber do aclamado Bitte Orca que foi, sem dúvidas, o ponto alto do show. O melhor da canção é a grande quantidade de viradas que ela dá, parecendo haver muitas faixas dentro de apenas uma, e todas estas transições foram feitas de maneira brilhante, deixando a plateia em êxtase. O já “hit” do novo disco Gun Has No Trigger e a saída diretamente de um comercial de margarina, Just From Chevron (apesar de falar de um tema nada leve), foram outros dois momentos que ficarão na memória.

Minha maior surpresa foi sair de lá tendo certeza da qualidade da banda e do potencial que eles tem ao serem liderados pela genialidade de David Longstreth somado à competência, liderança e linda voz de Amber Coffman. Eu não tinha dúvida de que eles eram bons (vide todos os trabalhos até agora), mas não imaginava o nível em que estavam, principalmente ao vivo, e isso me surpreendeu muito positivamente. Por estarem sempre se reinventando a cada trabalho, não dá para saber o que virá no futuro, mas não há dúvida que o Dirty Projectors tem tudo para se tornar uma das próximas grandes bandas a estourar para um público mais abrangente, mesmo já estando no sexto disco.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.