Iceage – Pitchfork Music Festival 2012

Banda dinamarquesa com um excelente primeiro álbum decepciona em show com muita pose e pouca música

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Fotos: Monkeybuzz
Nota: 2.0

O clima não era nada amistoso e essa hostilidade aumentava quanto mais perto chegávamos do palco. Quem estava para entrar eram os garotos do Iceage, que lideram uma nova e agitada cena punk em Copenhague, na Dinamarca. Estava ansioso, mas ao mesmo tempo aflito, para assistir à apresentação, por tudo que li a respeito. Minutos antes, um garoto fã da banda pulou as cercas do festival e correu como louco para vê-los, mas foi rapidamente detido pelos seguranças e convidado a se retirar. Ou seja, realmente, os famosos shows da banda, em que a tradicional rodinha punk é a parte mais tranquila dele, pareciam não levar a fama à toa.

Ao entrarem no palco, a primeira coisa que nota-se é a idade dos integrantes, que aparentam ser muito novos e já lideram um movimento tão intenso em seu país. A impressão era de estarmos participando de algum tipo de culto liderado por eles. Ao primeiro som que fizeram, começou a pancadaria (literalmente), abriu-se uma clareira que dividia os loucos perto do palco e o restante dos curiosos. Os que estavam lá na frente trocavam socos, pontapés, garrafadas de água e tudo que tinham direito. No intervalo da primeira música para a segunda, a banda fez uma pausa para ajustar algo nos instrumentos e alguns fãs não paravam de gritar o nome da banda com todas as forças como se realmente os seguissem de maneira fiel.

Mas, minutos depois, deu para perceber que de ritual aquele show não tinha nada, era simplesmente um pessoal que foi ali para “se divertir” no meio da baderna e mal prestavam atenção no que acontecia em cima do palco. Enquanto isso, o vocalista Elias Bender Ronnenfelt acabava com sua garganta gritando muito e seus companheiros de banda faziam bastante barulho com o volume dos amplificadores no talo.

Na verdade, falei pouco da música, pois isso realmente faltou no show. O primeiro álbum dos garotos é muito bom e, não à toa, vem sendo falado não só por veículos alternativos de música mas também por jornais de peso como Washington Post e New York Times, mas aquilo que apresentaram ao vivo não era o mesmo que foi gravado. Eu entendo que as bandas punk tem muito desta característica peculiar em seus shows, mas a audição mais desatenta perceberia que aqueles quatro jovens estavam mesmo era querendo criar uma imagem na cabeça do público, muito mais do que fazer um bom espetáculo de música e conseguiram.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.