Selton – Centro Cultural São Paulo

Quarteto brasileiro radicado na Itália presenteia com boa música quem enfrentou frio e chuva para vê-lo no segundo de três shows na cidade

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Nota: 4.0

Se paulistanos já nem sempre saem de suas casas aos domingos, em uma tarde particularmente fria de outono, as chances eram ainda menores em um dia no qual a mobilidade estava dificultada na cidade, com a Parada GLBT ocupando parte do centro e chuva por todos os lados. Dessa forma, as poucas dúzias de pessoas que foram ao Centro Cultural São Paulo foram presenteadas com uma apresentação caprichada do quarteto Selton – o segundo dos três shows na capital paulista planejados para esta turnê brasileira do ótimo disco Saudade, que já passou por Porto Alegre e São Carlos (SP), com passagem pelo Rio de Janeiro marcada para o dia 5, após o derradeiro concerto paulistano na terça, 4 de junho.

Mais do que contar como foi o show, gostaria mesmo é de dar a dica para quem estiver nessas duas capitais nas tais datas. De verdade, não deixem de aproveitar a oportunidade de ver a banda gaúcha, residente em Milão, e seu som ao vivo – conhecendo ou não as composições desse segundo ou mesmo do primeiro disco, nunca lançado no Brasil.

Eu mesmo ainda não tinha ouvido muitas das faixas apresentadas e adorei. Isso vale também para os sorrisos e aplausos vindo de alguns frequentadores do local que não conheciam muito (ou mesmo nada) do grupo, todos satisfeitos com o show. Além do primor técnico nas harmonias vocais e instrumentação, o bom humor dos músicos fica ainda mais evidente durante o show. Com essa soma, a plateia precisaria caprichar muito para não curtir (e, felizmente, ninguém ali parecia empenhado em se desagradar).

Vale dizer também que as apresentações no país tem abertura do italiano Dente, também de um senso de humor evidente, dedilhando sua guitarra em um misto de cantor Pop com o experimentalismo de Daniel Rossen dentro e fora de seu Grizzly Bear. Coisa fina.

Misturando músicas de seus dois discos, Selton tocou ainda cover de Blur (Charmless Man), fez trocas de instrumentos e brincou com sons vocais para reproduzir o que ouvimos nas gravações. Com experiência tocando nas ruas, é claro que a banda sabe cativar nossa atenção e entregar o que é muito mais que um mero passatempo doninical, mas um belo espetáculo no palco – que agrada desde quem curte nomes como Vampire Weekend e Local Natives até os mais saudosistas de gente grande como The Beatles e Beach Boys.

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ARTISTA: Dente, Selton
MARCADORES: CCSP

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.