The Horrors + Boogarins

Problemas de som atrapalharam, mas não impediram público de experiência agradável

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Nota: 3.5

A mais recente edição do Popload Gig celebrou a psicodelia escolhendo dois representantes de peso de um gênero que cada vez ganha mais espaço, ao mesmo tempo que é um campo fértil para experimentalismos cada vez mais extremos. Ainda que o dia do show (terça-feira) em questão fosse bastante inconveniente para boa parte do público, uma quantidade razoável de entusiastas de ambas as bandas estava bastante empolgada para vê-los ao vivo, o que foi percebido em meio a gritos histéricos ao menos sinal de movimentação no palco.

Primeiramente, subiu ao palco Boogarins para alucinar o público com as fortes e lisérgicas canções de seu aclamado disco As Plantas Que Curam. Em meio a gritos e fãs enlouquecidos, que faziam de tudo para chamar a atenção dos intergrantes, a banda mostra que não perdeu a força, mesmo depois de exaustivas turnês tanto no Brasil quanto fora dele. É sempre interessante ver que o conjunto mantém uma postura bastante descontraída em palco, lidando com suas apresentações de uma forma bastante solta, evidenciando o prazer de tocar músicas tão boas ao vivo.

Mas, se por um lado a banda por si não deixou a desejar, o mesmo não pode ser dito a respeito da qualidade de som, que pecou em vários aspectos, atrapalhando bastante o conceito geral da apresentação dos goianos. Em meio a surtos e jam sessions infinitas, Boogarins não nos decepciona novamente, mas esse, com certeza, não fica entre seus melhores shows (um fato a ser revisto pelo Cine Joia, que já apresenta um histórico considerável de problemas de áudio).

Mas quem de fato sofreu com os problemas de som foi a atração principal. Embora essa complicação possa ser entendida pela mudança às pressas do local do show (do Beco 203 para o Cine Joia), The Horrors acabou tentando fazer o melhor que pode dentro das limitações que a acústica do lugar possuía. Priorizando as faixas do novo disco, Luminous, a banda se mostrou bastante tímida da interação com o público – fato que já era esperado, tendo em vista sua última apresentação por aqui, em 2012.

Mesmo com os deméritos de som e com a timidez, é impressionante que seu som tenha conseguido atingir uma grande parte do público, que ficou bastante eufórico quando grandes hits como Who Can Say e I See You foram apresentados. É difícil ter um controle total dos componentes das músicas de The Horrors, principalmente em uma situação ao vivo, contudo, a banda tentou compensar isso com versões mais simplificadas.

Foi uma noite agradável mas que tinha potencial para ser muito mais. Com problemas de som como protagonista, esperamos que para próximas edições, tanto do Popload Gig, quando em shows no Cine Joia, isto seja resolvido ou pelo menos minimizado. De qualquer forma, sempre é válido ver como shows psicodélicos são organizados e reproduzidos ao vivo: uma forma de investigação performática e divertida ao mesmo tempo.

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MARCADORES: Popload Gig

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique