É impressionante o clima diferenciado numa casa de show com Thurston Moore como protagonista. Desde seu espetáculo por aqui em 2012, um resquício daquela experiência continuou em mim, irracionalmente, a hipnose daquela lenda do Rock tocando como se fosse qualquer um e com uma naturalidade confortante passou a ser meu parâmetro de bom show desde então.
Ontem em um Cine Joia cheio o suficiente pra ser divertido e vazio o bastante para uma experiência agradável, The Thurston Moore Band subiu ao palco sem cerimônias e começou seu show. Se não me falha a memória, Speak to the Wild e Forevermore -minhas preferidas do novo disco – abriram brilhantemente a apresentação e a sensação de que aquela seria mais uma noite diferente em São Paulo passou a parecer cada vez mais real.
Consigo entender que outra pessoa presente ache exagerada tal exaltação, mas eu explico. Vivendo nesse meio musical, é bastante cansativo lidar com a hype de alguns eventos na cidade que fica acima da qualidade do som em importância para lotar uma casa. Isso fica provado ao termos um show não esgotado do ex-Sonic Youth por aqui, que ao contrário do que alguns menos informados podem pensar, está longe de viver de seu passado e veio para apresentar seu ótimo The Best Day, lançado neste ano.
Mas tudo bem, tudo isso fica de lado ao assistirmos Thurston, James Sedwards e Deb Googe impecáveis no palco, com a atitude de sempre, pouca interação com palavras e muita música, acompanhados pela surpresa da noite, o baterista Thiago Babalu, que substituiu Steve Shelley de última hora e aprendeu todas as músicas em uma tarde. Aparentemente, Shelley sofreu um pequeno problema de saúde e recebeu recomendações de não tocar, mas estava bem e presente, assistindo Babalu vivenciar uma daquelas histórias pra se contar e ninguém acreditar.