tantas coisas com Iasmin Turbininha

Foto: Vincent Rosenblatt

Por: Ana Laura Pádua

Uma coluna, como sempre, sobre música — mas também sobre todo o resto. No tantas coisas, artistas compartilham sua coleção de coisas favoritas e contam, sempre de um jeito direto e descomplicado, histórias e preferências que fazem parte de suas carreiras e sua identidade. Nos palcos, no estúdio e no dia a dia.

A minha rotina quando eu vou produzir ou compor uma música é…

Compor eu componho mais no banho, que vem na mente mesmo. Comecei a ligar o gravador do celular para não perder. Aí as vezes sai uma letra muito foda e depois mando pra algum MC que tem sonho de cantar, mas não tem letra própria. 

Ando obcecada por…

Pagode, Samba… Gosto de Alcione, Zeca Pagodinho e Péricles. A minha família é do Samba e do Pagode então eu cresci ouvindo esses ritmos, como o Funk também.

A pessoa que mais me influenciou na decisão de fazer música foi...

Um amigo que morava lá perto de casa. Ele produzia as músicas para o Baile da Mangueira e eu sempre tava lá com ele. (...) O Vitor sempre me deu força, na época não tinha nenhuma mulher na cena. Eu recebia muita crítica. E pelo fato de ser sapatão, desde essa época eu sempre mostrei esse meu lado. Racismo, preconceito muito grande.

O primeiro show que eu assisti foi…

Racionais, eu era criança. Foi na Mangueira e minha mãe me levou, eu queria muito. (...) A gente sempre leva muito a sério as coisas que eles falam, são coisas que acontecem, tá ligado? E mano, foi o show mais foda que eu fui e nunca vou esquecer. 

Se eu pudesse escolher qualquer lugar do mundo para estar, eu estaria em...

Dubai. (...) É um lugar que eu sonho muito conhecer, mas também Nova York, Paris, todo lugar do mundo. Mas primeiro é Dubai, só pra sentir, ter uma noção daquele pique. Parece que todo mundo que mora lá mora bem. Não sei se lá é assim mesmo, mas é o que a gente vê em relação a quem mora lá, né?

Se eu pudesse, compraria minha casa, deixava minhas irmãs bem e o resto do dinheiro eu ia investir em comunidade. Na minha comunidade, como moradora, é triste. Muitas pessoas ricas poderiam ajudar e não fazem nada. Isso é muito triste. Meu maior sonho é abrir uma escola de música na favela. Não só de música, mas de aprendizado, trazer artistas para o projeto e dar dicas.

Eu sei que uma música está pronta quando…

Depende muito da música. Tem umas que eu acho que tá muito foda eu já solto, o publico abraça. Mas às vezes tem outras que são mais trabalhadas, que, mesmo saindo do prazo do lançamento, eu sinto que falta alguma coisa, ela não tá pronta, na minha opinião. 

O último filme que fez minha cabeça foi...

Cidade dos Homens e Era Uma Vez. Mano, esses dois filmes são os mais fodas, que eu gosto de assistir muito, sempre boto. Mesmo sendo repetido eu gosto demais.

O artista mais improvável da minha playlist é...

Eu me inspiro em muitos artistas da minha comunidade da favela, então tenho muitos que não tem oportunidade e a fama. (...) Posso indicar o DJ MK, MC Dom, MC Lateral e o MC Alyson são os caras que estão quebrando tudo. A gente tem que dar oportunidade para os próximos. Esse é o nosso legado.

Queria produzir/ compor uma música junto com…

A Beyoncé. (...) Ela é a artista mais foda que tem, eu amo essa mulher. (...) Em relação a outros artistas, se tiver que acontecer vai acontecer, mas eu gosto de trabalhar com artista que tá começando, que precisa de oportunidade. Ver a pessoa crescer, tá ligado? Fico muito feliz, é isso que importa.