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Opinião sobre música todo mundo tem, mas você pode equalizar seu senso crítico ainda mais

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Uma das coisas básicas de nós, seres humanos, é criticar tudo que está ao nosso redor. A todo momento, estamos olhando o que nos cerca e tecendo nossos comentários sobre tudo, mesmo que só dentro de nossas cabeças. Criamos ligações com experiências passadas, com objetos semelhantes ou mesmo com o que absorvemos através da leitura. Às vezes, esse pode ser um processo inconsciente, mas é um fato que estamos a todo momento exercendo essa ação mental.

E por se tratar de um processo, às vezes, tão automático, não nos damos conta que nem sempre essas conclusões serão as mais profundas. Creio que você já deva ter ouvido alguma banda que gostou muito em um primeiro momento e, quando voltou a ouvi-la, seja um dia ou um ano depois, a qualidade daquela primeira impressão havia desaparecido. Em alguns casos, nosso cérebro parece tão predisposto a se apegar de alguns elementos, que basta aquele som cumprir um checklist de componentes que aquilo se torna automaticamente “bom”, por mais que não saibamos justificar porque gostamos daquilo – e o que pode nos levar em uma segunda audição mais minuciosa achar aquilo não tão bom.

E aí que chegamos agora ao nosso primeiro assunto interessante nessa conversa. Será que você treina o suficiente o seu senso crítico? Será que suas opiniões vão além de “gostei” ou “não gostei”? Você sabe porque prefere isso a aquilo ou porque, por exemplo, desgosta de tal música, filme ou comida?

Não se preocupe, nós podemos treinar nossos cérebros, exercitá-lo a fazer de forma consciente essas associações – que muitas vezes são totalmente subjetivas. Você, com toda sua vivência e bagagem acumulada ao longo da vida, tem motivos mais que suficientes para formar sua própria opinião sobre qualquer coisa. Se não sabe nada sobre esse objeto a ser criticado, informe-se antes, inteire-se com o assunto, e, a partir daí, tire suas próprias conclusões.

Outro exercício importante para nosso senso crítico é ler/ouvir opiniões contrárias às nossas. Tendo como exemplo o Facebook (e que pode ser extrapolado para outras situações da nossa vida), vivemos em uma época em que podemos silenciar o que não queremos ouvir ou parar de seguir pessoas que pensam de forma contrária a nossa. Criamos uma bolha ao nosso redor, convivendo só com quem pensa igual a gente e esquecemos que há sim outras maneiras analisar as coisas e que, por mais que não concordemos com opiniões alheias, temos que saber lidar com elas. Ter noção disso nos leva a argumentar melhor e ter uma visão menos egocêntrica e limitada do mundo.

A partir disso, posso afirmar que, de certa forma, “todo mundo é crítico”. Mesmo que só em nosso círculo de amizades ou no Facebook, que seja, nós temos nossa voz e nossas opiniões são de alguma maneira importante para quem vive ao nosso redor, seja com a crítica de um hambúrguer ou de um disco. Saber justificar os porquês de ter gostado ou não de um produto, música, filme, ou que seja, vai facilitar bastante o processo de passar essa informação adiante de forma relevante para quem a está recebendo. Às vezes, você pode ser o melhor filtro de conteúdo para seus amigos. E não há nada melhor que ver um amigo pirando em uma banda nova que você mostrou.

Se tornar bom nisso, ser alguém que seus amigos ou mesmo mais pessoas fora de seu círculo vão confiar, está no fato de fazê-los perceber coisas que não haviam notado antes, ter sacadas que são só suas ou até mesmo mostrar alguns fundamentos que podem fazê-los mudar toda sua concepção sobre aquilo. Mais do que dizer o que alguém deve ou não ouvir, ler ou assistir, um bom crítico tem que argumentar por que ela deveria ou não fazê-lo. Isso diferencia um bom crítico de alguém que simplesmente está “cagando regras” por aí.

Mais uma coisa: Você não precisa ter ouvido inúmeros de discos para tecer boas críticas, mas quanto mais álbuns ouvir (de maneira crítica, é claro), mais seu arsenal para analisar novas obras vai aumentar e, consequentemente, suas críticas serão melhores. Ler, ouvir e discutir a opinião dos outros sobre determinado disco também contribui para sua bagagem aumentar, assim como sua capacidade de tirar suas próprias conclusões a partir das opiniões dos outros.

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MARCADORES: Discussão

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts