Luz da noite

Os novos singles da britânica Georgia anunciam a cisão que ela está fazendo com o seu mundo sombrio e é sobre esse adeus que ela fala ao Monkeybuzz

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Fotos: Laura Coulson

“Cresci respeitando os jogadores brasileiros. Eu era completamente obcecada pelo Ronaldinho na adolescência”, relembra a inglesa Georgia sobre sua carreira no futebol, em entrevista ao Monkeybuzz. “Por ser de Londres, esse esporte está incorporado em mim. Sempre tinha jogo nos parques que ficavam perto da minha casa no centro durante a infância.” Curiosamente, a artista britânica de 28 anos teve um passado em campo. “Fui selecionada por um olheiro do Queens Park Rangers e joguei para esse time durante a maior parte da minha vida”, explica antes de revelar que o final da sua carreira se deu no celebrado Arsenal. Hoje, no entanto, seus esforços estão centrados na música. Inclusive, aparentemente, seu próximo (e muito aguardado) disco está para sair.

Tudo começou, na verdade, com o LP Georgia (2015). O ótimo álbum chegou depois de Georgia ter passado uma temporada trabalhando ao lado da extraordinária e multitalentos Kate Tempest. “Tocava bateria para ela. Eu a conheço desde criança e tocar ao seu lado foi libertador. Ela foi muito solidária comigo. Foi assim que eu ganhei confiança para criar minhas próprias músicas.” Até hoje, a paixão pela bateria continua. Em suas performances, ela fica sozinha no palco com o instrumento tocando músicas do primeiro e único disco e alguns novos singles que, pelo visto, apontam para um caminho totalmente novo em sua carreira. “Queria que esse novo registro fosse um pouco mais acessível. Adoro o debut, mas foi um experimento. Sinto que estou mais focada e talvez, por isso, as novas músicas tem soado ‘menos sombrias’”. “Started Out” e “About Work The Dancefloor” são perfeitas para as pistas, por exemplo.

A respeito de seus shows, ela conta como desenvolveu espetáculo que protagoniza: “Tive que voltar para um quadro em branco e me perguntar: ‘Como eu quero apresentar essas novas canções?’ No YouTube, me deparei com um clipe de Barrington Levy, nos anos 1980. O baterista tocava um kit Simmons colorido e eu achei o máximo. Mais tarde, estava assistindo a uns clipes do Depeche Mode e lá estava o kit novamente. Pensei: ‘É um sinal, preciso comprar um para mim’. Depois, tudo desenrolou com mais facilidade.” Neste ano, Georgia se apresentou nos principais festivais europeus, Glastonbury incluso. Por lá, tocou durante a tarde no palco The Park e ainda teve tempo para, de noite, juntar-se aos veteranos do Hot Chip, de quem é fã e amiga. “Foi uma alegria enorme. Para mim, parecia a melhor maneira possível de terminar o melhor final de semana do ano”, ela tocou “Hungry Child” com eles. “Formamos uma grande família, na verdade na Domino Records. O Kieran (Four Tet) também apareceu por lá.”

“Queria que esse novo registro fosse um pouco mais acessível. Adoro o debut, mas foi um experimento. Sinto que estou mais focada e talvez, por isso, as novas músicas tem soado ‘menos sombrias’” – Georgia

Se ainda não ficou claro, Georgia faz parte de um círculo de pessoas inspiradoras. Kate Tempest, Hot Chip e Four Tet encabeçam a lista, mas vale lembrar também da norte-americana The Black Madonna. Em 2019, as duas entraram juntas no estúdio e a DJ e produtora assina um remix de “About Work The Dancefloor”. “Em uma sessão, perguntei se ela topava fazer isso e ela concordou na hora. É como uma irmã para mim”, declara-se. Os irlandeses do Fontaines D.C. também estão na turminha. “É uma das minhas bandas favoritas. Estão indo tão bem! Eu sei o quanto trabalham duro e acho que merecem tudo o que está acontecendo.” No mesmo estúdio, a artista também recebeu Wayne Coyne, de The Flaming Lips. “Precisava voltar para progredir com as minhas composições. Estou mergulhada nesse trabalho, confiante com a produção e com a criação desses novos sons”, antecipa. “Quero dar um passo para frente e não fazer mais uma digressão”, promete. Direta ao ponto e em rumo ao futuro. Quanto a nós, seguimos aguardando (ainda mais ansiosos).

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ARTISTA: Georgia