Merch: Levando Pra Casa um Pouco de sua Banda Favorita

A importância dos produtos licenciados para a receita e para a imagem das bandas

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Música. Uma das mais antigas artes e retentora e propulsora de cultura e uma forma de entretenimento. Porém, também é um objeto de mercado, ou seja, venda, faturamento, lucro. Tal jeito de enxergar e trabalhar essa arte se dá muito em questão do próprio comportamento – uma atitude de pertencimento, de comunidade, de compartilhamento e apropriação de uma ideologia, de um estilo de vida ou de um modo de expressão. E a música se encaixa perfeitamente nisso tudo.

Afinal, o que nós ouvimos faz nossa personalidade? Nós queremos ser o que ouvimos? Temos orgulho do que escutamos e por isso nos tornamos “mensageiros” dos nossos artistas? Aparentemente todas as respostas são “sim”. Desse modo, o mercado da música – não apenas o fonográfico, mas ramificações a partir da música, ou seja, desde confecções a empresas de turismo – observaram essas tendências e a cada dia que se passa aumentam os pontos de contatos que temos com nossa(s) banda(s) favorita(s).

Assim, temos os chamados merchs (produtos licenciados), que vão desde os oficiais, feitos pela própria produção selo ou gravadora da banda, até os fan merch, aqueles que compramos por outros canais de produção, e que tem o direito de uso de imagem (ou não) de logo e nome da banda.

De acordo com a Future Music Organization, o merch representou cerca de 6% da receita das de Rock, e 4,9% para os artistas de Hip Hop no ano de 2011. Apesar de em um primeiro momento parecer um número não tão expressivo, esse número merece a atenção de produtores e dos participantes desse mercado, que só tende a crescer.

O principal papel do merch acaba por ser do fortalecimento da marca, ou seja, do “nome” da banda. E você, fã, é o emissário dessa “boa nova”. Todos sabemos que o ser humano gosta de saber qual é o assunto do momento, ou qual a nova moda. Desse modo, ver um grande número de pessoas com uma camiseta na rua, uma caneca na baia ao lado no seu trabalho, ou um papel de parede do celular gera o que se chama de buzz – ou seja, o espalhar de uma tendência de maneira orgânica e viral, o que hoje em dia, com as redes sociais e o fácil acesso remoto a elas, transforma esse fenômeno ainda mais dinâmico, imediato e eficiente em alcance, visto que quem irá compartilhar a foto que tirou com a camiseta nova do Cage the Elephant que acabou de chegar na sua casa irá alcançar amigos de um círculo social que muito provavelmente gosta da mesma banda, e assim se sentirá também atingido pela “mensagem’ da banda e poderá ser um potencial comprador da mesma em um ciclo que se perdura.

Entranto, em exemplos de produtos, é claro que temos camisetas, canecas, buttons e moletons. Porém, muitas bandas acabam por trazer produtos inovadores, ou até mesmo bizarros. Começando pelos não bizarros e muito bem comercialmente explorados, temos a questão de licenciamento de imagem e nome.

É o exemplo da linha de produtos da cantora Hayley Williams, do Paramore, para a mundialmente conhecida marca de cosméticos MAC. Em tal associação, a cantora assinou uma linha de produtos de maquiagem inspirada em suas próprias produções, com tons de laranja e vermelho. Tal associação trouxe para a marca fãs que buscavam se parecer com a ídola. Eles fizeram vídeos de avaliação, postando em seus blogs e vlogs, o que impulsionou de forma gratuita, ou seja, publicidade, a nova linha e a qualidade dos produtos MAC como um todo.

Uma categoria que tem se mostrado muito crescente são as as cevejas premium assinadas por bandas. Visto esse crescimento do “gourmet”, bandas como AC/DC, e as brasileiras Ratos de Porão, Raimundos e Titãs, em parceiras ou licenciamentos (caso do Titãs) com cervejarias, lançaram suas cervejas para um público jovem adulto que busca consumir alimentos e bebidas com um preço maior e com diferenciação, e, mesmo não tendo uma correlação direta entra a banda e o tipo de cerveja, tem mostrado cair no gosto do público pelo menos para uma experimentação.

Além de produtos, temos também merchs de “serviço”, como cruzeiros, visto o que está para acontecer agora em Março, chamado Parahoy!, que levará os fãs para shows e convivência com as bandas Tegan and Sara, New Found Glory e Paramore saindo de Miami à Bahamas. Além disso, temos também a questão dos famosos meet and greet, os encontros quase sempre pagos (ou via promoção de veículos de comunicação) por um respeitável valor financeiro, como os £1.195 para um encontro com Madonna e £1.932 de Justin Bieber ( preços de 2012 e para shows na capital londrina) para apenas para conhecer os artistas nos bastidores do show, trocar meia dúzia de palavras e tirar uma foto.

Agora, falando dos merchs mais “exóticos,” uma das bandas que mais apresenta esquisitices é The Flaming Lips, que não deixa a maluquice só no seu som, mas transporta isso para seus produtos em sua loja oficial, tendo como opções de “mimo” um pingente de feto feito de prata e uma caveira de gelatina com pendrive contendo músicas da banda .

A banda dinamarquesa Iceage é outra que trouxe produtos não muito usuais, sendo um deles anteriormente sido cancelado. O primeiro foi uma faca retrátil que levava o logo da banda e até conseguiu boas vendas. E, apesar de uma faca não ser algo muito relacionado com música ou com a banda, o bizarro ficou com a opção de se comprar uma mecha de cabelo de um integrante da banda à sua escolha. Tal “produto” acabou pouco tempo depois sido tirado de sua loja oficial online, visto que a banda ficou preocupada com o uso dos cabelos para algum tipo de vudu.

Um exemplo clássico de banda com inúmeros tipos de merch é a banda Kiss, que é conhecida por ter produtos oficias estranhos à venda, como caixão e urna para cremação. Segundo o baixista Gene Simons, tem de se ter tudo mesmo para vender. E a lógica do músico é correta, se existem fãs aficcionados que compram de tudo que se coloca um logo do Kiss, pq não fazer e vender? Simples assim.

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MARCADORES: Discussão

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).