Piração Retrô na Estreia de Unknown Mortal Orchestra

Disco é importante para entender a essência do trabalho da banda

Loading

Sabe aquele disco lançado há algum tempo que você carrega sempre com você em iPod, playlist e coração, mas ninguém mais parece falar sobre ele? A equipe Monkeybuzz coleciona álbuns assim e decidiu tirar cada um deles de seu baú pessoal e trazê-los à luz do dia. Toda semana, damos uma dica de obra que pode não ser nova, mas nunca ficará velha.

Unknown Mortal Orchestra – Unknown Mortal Orchestra (2011)

Eu costumo ter um apego especial com primeiros discos de bandas interessantes. Frequentemente minha dupla de álbuns preferidos será o primeiro e mais algum outro, provavelmente o mesmo que todo mundo, sou bem previsível. Isso é por causa do jeitão cru, jovem e sem muita noção com que algumas bandas iniciam suas carreiras. Os próximos álbuns – quando bem feitos – provavelmente serão melhores tecnicamente, como se fosse necessário um tempo para a banda entender seu próprio som e conseguir domá-lo e encaixá-lo em boas composições, mas o primeiro costuma ter o charme da novidade.

Isto é exatamente o que aconteceu com Unknown Mortal Orchestra em sua estreia auto-intitulada. II, de 2013, é um dos meus álbuns preferidos dos últimos anos, ele é perfeitinho, muito bem produzido e com uma sensibilidade rara para compor canções hipnotizantes e que ficam com você por muito tempo. Mas foi após ouvir o primeiro trabalho que consegui captar as essências e as motivações da banda, que continuaram lá e foram aperfeiçoadas no trabalho seguinte.

Unknown Mortal Orchestra é um disco onde tudo é mais caótico, vai pra cinco ou seis direções e você fica com aquela vontade de ouvir um disco inteiro de cada um desses caminhos diferentes. Com exceção de Ffunny Ffrends e de How Can U Luv Me, as outras faixas são de estrutura menos Pop e totalmente imprevisíveis, o que me empolga o tempo todo.

Este álbum me deixa curioso pra saber o que aquelas cabeças doidas vão conseguir criar de novo no trabalho seguinte e o que vão ampliar do trabalho anterior. Mas como eu disse, aqui é o disco onde as ideias ainda não estão prontas e por isso não volto a ele com tanta frequência quanto a II. UMO é uma obra que sempre me serve de introdução para curtir o trabalho mais recente da banda. Se passo alguns meses sem ouvi-los – o que é raro – volto primeiro a ele e depois fico dias pirando com a trinca From The Sun, Swim and Sleep (Like A Shark) e So Good At Being In Trouble, do trabalho seguinte.

Este disco, assim como tudo o que foi lançado por Ariel Pink no início de sua carreira, me abriu a cabeça pro quanto um som retrô pode soar contemporâneo e extremamente criativo.

Loading

Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.