FingerFingerrr: Fazendo Acontecer

De volta de turnê nos EUA, duo comenta sua inserção no cenário independente brasileiro

Loading

Fotos: Vivi Andreani

Uma conversa com FingerFingerrr tem muito do conteúdo de discussões com várias outras bandas brasileiras de hoje: Querendo ou não, o assunto insiste em esbarrar na árdua realidade de quem trabalha com música no país hoje. Ao contrário de algumas, porém, a dupla não senta e lamenta, mas arregaça as mangas para fazer seu trabalho acontecer, seja no país ou além dele.

Foi assim quando Flavio Juliano e Ricardo Cifas visitaram a redação Monkeybuzz nesta semana para contar sobre sua recente turnê dos Estados Unidos, da qual retornaram há cerca de uma semana, ao lado da norte-americana Cheeky. Talvez um pouco motivados por uma inevitável comparação entre realidades de mercado entre os dois países, os dois falam de todo um contexto maior quando vão comentar qualquer coisa sobre seu trabalho.

Eles nasceram em São Paulo (Flavio cresceu nos EUA, o que explica também a predileção por letras em inglês), e começaram como quarteto. Com o tempo, os outros dois integrantes precisaram sair para tocar outros projetos e Flavio e Ricardo decidiram tocar o projeto em novo formato, de dupla, no início de 2014. Foi quando eles foram passar dois meses em Nova York – “um laboratório”, nas palavras de Ricardo, “ficamos ouvindo muitos outros duos, vimos shows de gente como Death from Above”. “A gente estava formatando o som”, completa, “e a gente conheceu toda essa cena, viu como estava acontecendo. Você vai sacando como que é”.

Esse pé para além das fronteiras tupiniquins acaba fazendo parte da natureza do projeto, que possui público suficiente em NY e fora dela para uma turnê de nove datas pelo país, como foi o caso dessa viagem. “A gente sentiu que as pessoas também tem isso no interior, esse interesse pelo Rock e pelas tendências de hoje. É a cultura deles”, diz Ricardo.

“Tem uma cultura de mídia”, explica Flavio, “você sabe onde achar banda pra ouvir. Aqui, isso é muito novo”. Dentro dessa relativa novidade no Brasil, um cena emergente na música independente (“Que é muito massa poder participar”, ele comenta), FingerFingerrr é mais um nome para ficar e olho dentro de uma estética que não chega ao mainstream, com potencial de ser um nome sempre frequente em shows (como o desta quinta, 02 de julho, no Puxadinho da Praça com Mel Azul), playlists, festivais e – quem sabe? – também em uma posição de maior destaque no mercado. “Sou louco pra tocar na Globo, cara”, conta Flavio, “você saber que a sua música não entrou na máquina ainda. Não vejo a hora de ver mais bandas independentes lá. Adoraria ver Far from Alaska na novela, por exemplo”.

A dupla cita várias outras bandas, além dessa última e de Mel Azul, que também estão empenhadas em fazer essa cena acontecer aqui pelo Brasil – algo que a turnê nos EUA só deixou FingerFingerrr com ainda mais vontade de acontecer também por aqui. Preparados para entrar em estúdio e gravar seu primeiro disco em breve, Flavio e Ricardo mostram na atitude sua disposição em ser parte dessa mudança, deixam claro o know how adquirido nas turnês e revelam no seu som sua capacidade para estar nessa engrenagem.

Loading

MARCADORES: Conheça

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.