Entrevista: Peartree

Felipe Pereira fala sobre EP de estreia e repercussão do projeto

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“A ideia de Intro ser só o começo tem a ver com o fato de que o projeto é muito novo ainda, mas, ao mesmo tempo, destaca que o EP é um cartão de visita”, diz Felipe Pereira, cabeça do projeto Peatree, durante alguns e-mails trocados com o Monkeybuzz.

O músico falou não só de seu discoestreia , como também sobre o começo do projeto e a formação de uma banda para tocar ao vivo. Felipe – que trabalha com criação audiovisual para publicidade – ainda comentou sobre seu primeiro clipe, de Hate to Say I Told You So, e planos para futuro.

Monkeybuzz: Você trabalha com outras profissões que envolvem criação além da música. Quando foi que notou que teria também que se expressar por meio dela?

Peartree: Música sempre teve um lugar especial nas formas que eu achava para me expressar. Sempre desenhei e rabisquei coisas, além de brincar loucamente com câmeras antigas e fazer efeitos “especiais” trash, mas, aos oito anos, quando colocaram um violão na minha mão e me deram a oportunidade de tocar na igreja – que também foi uma escola e tanto – eu sabia que música teria um papel central nisso tudo. Por outro lado, trabalhar com criação dentro do universo dos filmes publicitários foi uma forma de talvez ganhar dinheiro com o que eu, por um certo tempo, já fazia de graça.

Mb: Cinema, design e publicidade. Você vê sua experiência fora da música influenciando o som da Peartree?

Peartree: Podemos dizer que sim, já que tudo o que eu faço é de uma natureza mais técnica. Acabo, querendo ou não, levando muita coisa que aprendo na prática do dia a dia para o material que crio como Peartree. O conteúdo, no entanto, é completamente diferente. É realmente outra coisa poder compor algo tão absurdamente pessoal e tentar construir texturas sonoras ambiciosas sem pensar se o cliente vai gostar ou não. Até por que, nesse caso, você é o cliente!

Mb: Como aconteceu o processo de formar o EP e criar as músicas dele, ainda mais depois de atingir bastante gente com o single Hate To Say I Told You So?

Peartree: As ideias básicas da maioria das músicas do EP já estavam meio que desenvolvidas, antes mesmo de lançar Peartree e Hate to Say I Told You So. O processo demorado foi justamente para transformá-las em algo fechado (ou que eu considerasse como tal), algo que pudesse trazer com consistência uma continuidade ao primeiro single. Sem contar, claro, em todo o processo de fechar a mix e masterizar. Sou relativamente novo a todo esse processo de produção, logo, demoro um pouco mais pra transformar minhas ideias em realidade.

Mb: Quando você estava compondo essas músicas, imaginava que tipo de resposta o público teria com elas?

Peartree: Não poderia ter imaginado tantas pessoas se identificando com Intro. Foi uma surpresa muito agradável, estava completamente alheio a tudo isso enquanto criava. Acho que é bom assim. O processo de criação precisa ser isento – ou o mais isento possível – de expectativas e/ou pressão. Na minha opinião, tem que ser algo muito pessoal. Muito íntimo. Pelo menos, é assim que eu acho que conseguimos chegar nos resultados mais interessantes. Aqueles que mostram quem somos.

Mb: Compor para você é um esforço solo, enquanto tocar ao vivo é um trabalho em equipe. Como foi arrumar a banda que te acompanha? E qual é diferença entre compor para um disco e tocar essa faixa ao vivo?

Peartree: Acredito que ao vivo é uma pegada bem diferente. Ela inclui desde coaching vocal – que agora estou finalmente começando a fazer – até o processo de você encontrar músicos que compartilham sua visão de mundo. Decidir o set-up também é grande parte do processo. Graças a Deus, tive sempre comigo o Ray Pissinati, músico e amigo meu que, desde o começo, esteve super empolgado e comprometido com a versão ao vivo do projeto. Além de guitarrista, o Ray – assim como a maioria dos músicos que tocam comigo – é multi-instrumentista e está bem ligado no universo eletrônico da música. Algo bem importante, já que metade da nossa performance é analógica e a outra metade depende bastante do eletrônico. Acho que, no geral, o feeling de tocar ao vivo é muito massa! Dá pra você levar pro palco uma energia que não se sente só ouvindo o EP.

Mb: Como foi o processo de criar o clipe para “Hate To Say I Told You So”? Já existe planos para outro vídeo de Intro?

Peartree: Foi um processo muito legal! Uma oportunidade única de juntar duas das minhas paixões em uma só obra! Tive, para trabalhar comigo, o diretor e produtor Guillermo Santos e ele, logo de cara, entendeu muito bem o conceito do clipe e toda a estética que eu queria usar nele. Não tínhamos muito dinheiro, mas, mesmo assim, o Gui conseguiu juntar pra gente uma super equipe – à qual sou eternamente grato – e conseguimos viabilizar algumas coisas até ambiciosas. Acabei fazendo também todo o processo de pós-produção e isso foi bem massa por que tive uma oportunidade de trabalhar com a composição visual de tomadas mais viajadas, além de tentar usar diversas referências de filmes que assisti na infância. Foram muitas noites não dormidas, mas da melhor forma possível. Além disso, existem planos para outros clipes e vídeos. Em breve teremos novidades quanto a isso.

Mb: Em alguns sites, sua música é comparada com a que fazem M83, SILVA, CHVRCHES e Years & Years. Nomes como esses tiveram alguma influência para você, seja estética ou temática?

Peartree: Não tenho como mentir, M83 é uma grande influência pra mim. Sua forma de trabalhar o etéreo com o eletrônico sempre me cativou. Além disso, toda a estética Sci-Fi do projeto tem muito a ver comigo. Tenho também muito respeito por SILVA e fiquei super feliz ao conhecê-lo e saber que ele curtia Hate To Say I Told You So. Chvrches é uma daquelas bandas que não saem da minha playlist porque simplesmente gosto muito de Pop e o trio conseguiu trazer de volta o Pop oitentista com uma releitura muito, sei lá, fresca! Years & Years é uma banda que eu conheci somente depois, mas, logo de cara, foi ao encontro do tipo de coisa que eu ouço direto. Acho que os meus amigos me acham previsível. Sempre que me mostram uma banda, chegam com aquela cara de “Tenho certeza que você vai curtir isso” e 99% das vezes é verdade. Além disso, Mutemath se destaca como a minha banda favorita. Nunca consegui parar de ouvi-los (nem quero).

Mb: Apesar de um aspecto bem lúdico e sonhador, “Hate To Say I Told You So”, me parece uma música que discute certa alienação de nossa geração em relação às nossas próprias expectativas. Outras músicas também conjugam letras mais reflexivas com sonoridades mais brandas ou bastante dançantes. Isso seria de uma forma de tentar pintar a realidade em cores mais bonitas?

Peartree: É uma pergunta interessante. Acho que isso surge como fruto da realidade a partir da qual nascem as letras. A alienação citada, por exemplo, só aparece depois de introduzida uma possibilidade de algo que tem mais a ver com essa textura lúdica e sonhadora da música (“Starting off this is a brand new day”). A música começa flertando com a possibilidade de algo bom e bonito, mas acaba numa realidade oposta. Existe sempre uma espécie de disputa entre o mundo real e aquele que eu gostaria que fosse real nas letras, e isso, na minha opinião, é o sonhar.

Mb: Se “Intro” é só o começo, o que mais vem pela frente com o Peartree? Quais são os próximos passos do projeto?

Peartree: A ideia de Intro ser só o começo tem a ver com o fato de que o projeto é muito novo ainda, mas, ao mesmo tempo, destaca que o EP é um cartão de visita. Graças a Deus, foi possível sintetizar bem o projeto em 5 faixas que as pessoas podem baixar, escutar e talvez concluírem: “Isso é Peartree”. No momento, estarei voltado para shows e performances ao vivo. É uma parte bem divertida porque podemos levar ao público que gostou do EP uma energia inédita e que só pode ser sentida no contexto de um show. Nesse meio tempo, estaremos trabalhando em novos clipes e vídeos e, claro, no meio do caos e falta de tempo que é minha vida, estou sempre pensando e compondo algo que pode ser a próxima Hate To Say I Told You So. Quem sabe, né?

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ARTISTA: Peartree
MARCADORES: Entrevista

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts