Rico Jorge – Esteja Livre Pra Morrer

Fotos: Foto: Hick Duarte

Um cara de vibe Belchior cantando a música para a câmera, também sentado tocando violão. Os menos atentos podem estranhar estarmos falando de um dos expoentes da cena Eletrônica atual de São Paulo, mas quem conhece Rico Jorge entende que seu cosmo não existe para ser conformado àqueles padrões de sempre. Esteja Livre Pra Morrer, seu novo clipe, comprova isso.

“Eu nunca quis ficar só em um universo”, comenta o músico mineiro ao Monkeybuzz por telefone, “por mais que hoje eu toque em festas de Eletrônica, a minha ideia é ir além e dialogar com mais público. Ficar fechado em um nicho ali, eu não compactuo com isso não. A ideia é expandir, trazer uma coisa mais canção, para sair um pouco desse universo”. Daí veio a escolha de Esteja Livre pra Morrer para o videoclipe, a faixa que abre o EP Mitos Poréns (2018). Dirigida pelo artista visual Hick Duarte, a obra desconstrói imagens e expectativas acerca do trabalho de Rico ao trazer o lugar comum do violeiro tupiniquim e o clichê também do vanguardista (porque sim, isso rola), brincando com metaliguagem e, a partir disso tudo, revelando sua identidade.

“Você acaba às vezes entrando em um nicho e não consegue ter um diálogo muito aberto. É uma coisa mais reclusa à técnica, à pesquisa fora do contexto que a gente vive. Isso não dialoga com a observação que eu vivo todo dia”, comenta ele, “as pessoas me perguntam que tipo de som que eu faço, eu faço Música Brasileira, Música Eletrônica Brasileira, sei lá como classificar. É Eletrônica aberta ao diálogo. Por mais que tenha melodia e forma complexas, a ideia é chegar a um ponto que eu consiga dialogar tanto com a pessoa que escuta algo mais aberto do Pop brasileiro, quanto com quem curte uma música Experimental Eletrônica”.

E se ele aparece sozinho no vídeo, Rico Jorge está muito bem acompanhado nesse espírito por outros contemporâneos – “desde Teto Preto até Ava Rocha e Negro Léo, todo mundo dialoga, tem esse pretexto”, comenta ele, “é importante ver que há dez anos isso tudo estava perdido em muita coisa, por conta do movimento do Rock, aquela coisa maçante que nunca saía disso, e eu acho que o momento é esse. Tem muita coisa boa pra acontecer, e gente que dialoga real, com o pé no chão. Ou você se abre, ou vai guardar suas piras lá, porque você acha que é mais importante pra você”.

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ARTISTA: Rico Jorge

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.