Cinco passos para melhorar o EDM

Como tornar o gênero menos repetitivo e mais surpreendente

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Enquanto temos na indústria do EDM os maiores investimentos do mundo da música, os maiores festivais, as maiores estruturas, o gênero vive em constante combate para se defender tanto da cena underground quanto de produtores dentro do próprio circulo. Lá fora, as críticas vem em cima de uma estrutura precária, baseada em progressões e drops, geralmente sem tanto apelo lírico, sem tanta referência e, principalmente, feito de forma mecânica, sem pensar na música como arte. Ali dentro, tem a discussão da falta de originalidade. Todos estão dentro do EDM e produzem o mesmo gênero, mas isso significa que as músicas deveriam ser iguais? Bem, entre essas e outras, o estilo continua tendo o momento mais alto de sua existência, com maior captação de adeptos e disseminando sua cultura exponencialmente. Por que não aproveitar a oportunidade que o mercado está consumindo como nunca novos sons e tentar evoluir ainda mais esse som?

1) Ganhar Identidade

Esse é o primeiro ensinamento e deveria ser obrigatório a todo produtor que quer seu lugar ao Sol. Achar um alfinete em um palheiro é praticamente inútil, mas por que ser mais um no meio disso tudo? Os DJs que hoje estão na mira dos maiores selos já provaram entender o que o EDM representa, mas seguem uma estrada particular, cheio de elementos originais e que encantam qualquer um que escuta, por um só motivo: essas características são aquelas que farão associar aquela tecnica àquele artista, e é isso que a indústria procura: ícones, quem inspira. O papa Diplo já disse mesmo que o EDM anda chato. Quem conhece sua gravadora Mad Decent já percebeu que seu time é repleto de artistas que fazem seu sons sem se importar com modismos. Ganha uma vaga quem souber usar a criatividade. Só assim pra chamar atenção do americano. Não é à toa que semana passada, o empresário e DJ liberou elementos de diversas faixas suas na internet para que produtores pudessem fazer “algo criativo” – nas palavras dele. Falta isso no mercado.

2) Trabalhar Elementos Surpresa

É só olhar a lista da DJ Mag desse ano pra perceber que o que eu falo não é besteira. Martin Garrix saiu do anonimado para o quarto lugar em um espaço de um ano e pouco depois do lançamento de Animals e, posteriormente, Wizard. Suas faixas fogem do normal do EDM de fazer a progressão para uma pancadaria no Electro House dentro do drop e se aproximam de um pack mais percursivo. Mas essa não é uma fórmula de 1 bilhão de dólares, esse foi somente o jeito que o holandês viu de sair do palheiro. Tony Romera fez um drop surrado mais pro Techno-EDM em Pandor que foi muito tocado no ano passado, GTA trabalhando bem a percussão em Hit It, Nari e Milani com Swedish House Mafia mitando com Atom e não poderia esquecer, claro, do Tujamo fugindo completamente de tudo que qualquer um já viu com Who e indo pras alturas na Beatport.

3) Que Tal mais Instrumentos Orgânicos?

O EDM é o gênero que mais movimenta a indústria da música hoje. A cada dia tem vários lançamentos, de diferentes selos, diferentes subvertentes, todos para o mesmo público, que está sempre sedento a tudo. Por conta dessa velocidade não sobra tempo nem para produzir. Fazer faixas ou até álbuns virou trabalho de espera de aeroporto ou até de hotel o que, sob perspectiva da arte, é um pecado. Ir para o estúdio, pensar no trabalho enquanto obra, é essencial, inclusiva para uma maior conscientização dos fãs para com a música e seus artistas. Hoje a música é produzida tão de forma mecânica que as pessoas dançam de forma mecânica. Falta emoção, falta margem de erro, tato. Falta riff de guitarra, nota de piano, violino, baixo e quem sabe ousar mais nessa escolha?

4) Ir Para Outros Gêneros

Vimos uma migração, desde 2007 de uma forma mais sutil, e desde 2011, mais agressivamente, de outros estilos para o EDM. E vem dando certo. Talvez cambaleando, buscando forças em um estilo que tem de sobra, outros gêneros vem procurando adeptos e jeitos de sobreviver em uma época em que a exigência está tão alta. Produtores de música Eletrônica estão trabalhando juntamente com artistas do Pop e do Hip Hop e fazendo o caminho inverso para que haja uma mútua troca de experiências. Dessa forma, o estilo ganha novos elementos, vocais mais trabalhados e também mais números de fãs. Além dos gêneros mais conhecidos do público, tem como fazer EDM dentro de outros gêneros de música eletrônica. No Techno, Trap ou Dubstep, são alguns mais comumente produzidos usando o EDM como base. Tem como variar usando elementos específicos de cada estilo e surpreender.

5) Menos Pulo e Mais Movimento

O EDM é uma questão de fase. Pra um gênero que iniciou seus trabalhos em drops calmos e pulantes, nos últimos dois anos quem mais chamou atenção foi quem saiu desse padrão e partiu para pancadaria, para agressividade. Knife Party, Porter Robinson, Krewella e Plant, foram alguns deles. Depois de um tempo, todo mundo entendeu o recado e fez exatamente igual. O resultado disso foi a mesmice mais uma vez. E então chegamos sempre na mesma pergunta: qual a próxima tendência do EDM? Enquanto poucos incríveis produtores pensam nisso, os outros só pegam o resultado disso e reaplicam depois. Sebastian Ingrosso e Rob Swire, do próprio Knife Party, são alguns deles. Preferiram sair dessa mecanização da plateia, de pulos, e buscar por um público que dance, que vá a festivais para sentir o ritmo.

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Publicitário que não sabe o que consome mais: música, jornalismo ou Burger King